Militares ucranianos identificaram componentes de origem ocidental em um míssil norte-coreano lançado pela Rússia e abatido na região de Poltava, na Ucrânia.
Vivaldo José Breternitz (*)
Esses componentes vieram de pelo menos nove empresas ocidentais, apesar das sanções rigorosas impostas à Rússia e a outros países que a apoiam, em especial a Coréia do Norte. Essa descoberta evidencia as falhas na aplicação de controles de exportação e levanta preocupações sobre o fluxo de tecnologia para a países que sofrem restrições.
A lista de empresas implicadas inclui as americanas Analog Devices e Broadcom, a holandesa NXP Semiconductors, a suíça TRACO Electronic e a britânica XP Power. Esses componentes foram fabricados em 2023, comprovando que os mesmos ainda estão sendo contrabandeados para a Coreia do Norte e repassados à Rússia, apesar das sanções.
O míssil era um norte-coreano KN-23/24, abatido em 7 de setembro. Em seus destroços, os militares ucranianos encontraram chips essenciais para os sistemas de navegação e comunicações. Em função das sanções em vigor, esses chips não poderiam ter sido exportados para a Coréia do Norte.
As empresas citadas negaram ter vendido seus produtos para a Coreia do Norte, acreditando que foram adquiridas por terceiros que os repassaram para os norte-coreanos. A Broadcom, disse que muitos de seus produtos são comumente falsificados, e que talvez estes tenham sido vendidos aos fabricantes do míssil.
A capacidade da Rússia de continuar obtendo esses componentes é preocupante, pois eles são cruciais para a construção de mísseis que têm sido usados em ataques não apenas a objetivos militares, mas também à infraestrutura civil, empresas e redes de energia da Ucrânia.
A preocupação mais ampla é a crescente parceria entre Coreia do Norte, Rússia, Irã e outras ditaduras. Essa colaboração parece se estender além do fornecimento de peças, com esses países trocando engenheiros e experiência tecnológica para aumentar suas capacidades militares.
Essa crescente aliança entre ditaduras ameaça minar ainda mais os esforços em busca da segurança global.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].