O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou que o aumento do uso de ferramentas de inteligência artificial ajudou poupar bilhões de dólares ao detectar e prevenir pagamentos fraudulentos.
Vivaldo José Breternitz (*)
O Tesouro é o órgão responsável por fazer os pagamentos referentes a diversos programas federais de ajuda, como Previdência Social e Medicaid, processando anualmente cerca de 1,4 bilhão de pagamentos que totalizam US$ 6,9 trilhões.
Utilizando uma abordagem baseada em dados, o Tesouro conseguiu prevenir pagamentos indevidos e recuperar valores já pagos em um montante de mais de US$ 4 bilhões no último ano fiscal, encerrado em setembro. Isso representa um aumento de mais de seis vezes em relação aos US$ 652,7 milhões detectados ou recuperados durante o ano fiscal de 2023.
Embora US$ 4 bilhões não seja um valor pequeno, ele é insignificante em comparação com as estimativas do governo sobre o volume de fraudes que vem acontecendo: em abril, o governo estimou que as agências federais perdem anualmente entre US$ 233 bilhões e US$ 521 bilhões com fraudes.
As ferramentas de combate às fraudes usam uma ampla variedade de dados sobre os beneficiários, incluindo detalhes sobre suas contas bancárias, endereços físicos, nomes de usuário e senhas, endereços IP e informações demográficas, buscando identificar padrões relacionados às fraudes.
No entanto, o Tesouro observou que dados como esses podem induzir a vieses, como a super-representação de determinados grupos demográficos, o que pode trazer dificuldades a inocentes e impedir a identificação de fraudadores.
No caso do Brasil, o governo federal dispõe de recursos suficientes para o desenvolvimento de programas desse tipo, eliminando pagamentos a fraudadores e recuperando valores pagos indevidamente, o que poderia permitir que mais recursos fossem destinados aos que realmente necessitam.
Mas fica uma dúvida: será que há vontade política de agir nesses sentido ou é melhor manter uma ampla base de eleitores que, sem realmente necessitarem, se beneficiam desses programas, inclusive gerando carência de mão de obra?
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].
