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19/10 – Dia do Profissional de Informática: mulheres são só 18% dos estudantes na área

em Tecnologia
sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, mostram que o mercado de tecnologia e informática ainda está longe de alcançar a equidade de gênero. Isso porque em 2023, no último Censo do Ensino Superior, das mais de 720 mil matrículas realizadas nos 84 cursos da área de informática no país, apenas 18,67% eram mulheres. E o dado piora bastante quando se trata de alunas que concluem os cursos. Das cerca de 135 mil mulheres que se matriculam, apenas 14.030 terminaram os estudos.
 
No dia 19 de outubro, em que se comemora o dia do profissional da informática, Rachel Reis, docente do Departamento de Informática da UFPR, relembra a importância de movimentos que tragam cada vez mais as mulheres para o campo da tecnologia. “Temos avançado nesse sentido, até porque hoje as meninas estão muito mais próximas dessa realidade. Até pouco tempo, muitas mulheres achavam que a área de TI era de certa forma assustadora. Hoje, já não tem mais esse tabu”, conta ela, que coordena o projeto de extensão concat(Gurias), formado por uma equipe de sete mulheres estudantes dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Outro ponto relevante dos dados divulgados pelo Inep, está o de uma procura muito maior nas instituições de ensino superior da rede privada. Para se ter uma ideia, das 14 mil mulheres concluintes dos cursos de informática, somente 2.566 eram da rede pública. Ainda, o alto índice de evasão durante o curso deve ser um ponto a ser considerado. “Tanto na rede pública quanto na privada há uma queda significativa no número de meninas que entram e saem da universidade. Então, além de estimular a entrada, é preciso garantir políticas estudantis e projetos de extensão que garantam essa permanência em sala de aula”, reforça a coordenadora do concat(Gurias).
 
Em 2023, o projeto participou ativamente de iniciativas da Secretaria Municipal da Educação da capital paranaense, com o objetivo de promover o pensamento computacional entre estudantes, e, principalmente, desmistificar a informática para os alunos e, em especial, as meninas. “Participamos do programa ‘Cientistas na Escola’ e do evento de ‘Premiação de Estudantes e Professores na Olimpíada Brasileira de Robótica’, ambos envolvendo estudantes do ensino fundamental de Curitiba. Na universidade, foi criado o grupo de estudos ‘Alg1 para Mulheres’, com o propósito de apoiar alunas da graduação da UFPR nas disciplinas de programação”, conta Rachel.
 
De maioria a minoria
Poucos sabem, mas no início dos cursos de computação as mulheres já foram maioria. Isso porque o ato de computar estava ligado à matemática, curso em que a presença das mulheres era expressiva. Segundo o pesquisador estadunidense Steve Lubar, em seu artigo “Men/ Woman/Production/Consumption”, quando os primeiros computadores começaram a ser utilizados a informática era uma área feminina, uma vez que as mulheres tradicionalmente realizavam a atividade de “computar”, ou seja, realizar cálculos para os cientistas. Ainda segundo o estudioso, muitas das pioneiras da informática eram formadas em matemática e ciências, com doutorado em matemática.

“Com o tempo, isso foi mudando, e os homens acabaram tendo mais espaço dentro da área da tecnologia. No entanto, projetos como o Concat Gurias querem mudar esse cenário. A gente sabe que é um longo caminho e também não é uma luta que um dia será finita, mas temos certeza que a gente consegue melhorar esses dados”, finaliza Rachel.