Na área de TI, assim como na vida, o menos é mais e conceitos simples costumam dar os melhores resultados. Assim vemos ascender o conceito de “Clean Core”, no qual se mantém um sistema padrão, com núcleo consistente e máxima produtividade.
Em desenvolvimento de software, “Clean Core” refere-se a uma abordagem de design onde o núcleo do sistema é mantido limpo e livre de dependências externas. Isso significa que a lógica de negócios principal não deve depender diretamente de frameworks ou bibliotecas específicas, facilitando a manutenção, os testes e a evolução do software.
Atualmente, este conceito funciona como um núcleo do ERP da SAP que detém funções importantes do sistema, totalmente em nuvem. Ao adotar o Clean Core, as empresas percebem avanços notáveis no desempenho e na eficiência operacional, sobretudo em função da alta disponibilidade e da velocidade como as atualizações são feitas e, cabe ressaltar, totalmente sem impacto. É uma verdadeira caixa de ferramentas.
Assim, por meio dela é possível acessar novas tecnologias de imediato, como inteligência artificial, e já as inserir dentro do sistema. Alguém poderia perguntar: “mas isso já é possível com outras tecnologias”. Mais ou menos. A realidade é que migrações e versões, por conta das customizações, são mais lentas, mais caras e mais demoradas do que dentro do Clean Core porque a introdução de novas tecnologias depende da sua compatibilidade com as customizações.
Na minha opinião, a abordagem Clean Core chega para transformar os processos empresariais – isso porque ela segue um padrão gerado pelos benchmarks. O que eu chamo de caixa de ferramentas tem também um outro compartimento com muitos escopos a serem avaliados e aplicados de acordo com cada necessidade. Por exemplo: se uma empresa aumentou de tamanho, abriu uma filial e necessita de um processo novo, é possível consultar e implementar funcionalidades diferentes.
A caixa de ferramentas traz ainda módulos a serem selecionados, sem a necessidade de customizações impactantes. E oferece a possibilidade de se lançar uma tecnologia inovadora no mercado, seja da SAP ou de outro fabricante, caso esse outro tenha a mesma filosofia de Clean Core.
Ou seja, posso transformar processos empresariais imediatamente se eu tiver o acesso a tecnologias inovadoras que se conectem com o meu Clean Core.
Obviamente, há desafios. Como o Clean Core para ERP tem a premissa de utilizar as melhores práticas, os melhores processos e os itens de escopo que são muito completos, o principal obstáculo é mudar o pensamento da empresa. Ao invés de a companhia usar um sistema que se adeque totalmente a ela, é preciso se acostumar a utilizar um sistema que tem as melhores práticas de mercado consideradas padrão.
Claro que sempre há o que customizar, mas o desafio é mudar o conceito do ERP antigo, no qual tudo era adaptado. O objetivo é justamente fazer o contrário, promovendo avanços tecnológicos.
A tendência é que, no futuro, a tecnologia Clean Core disponibilize mais e mais funcionalidades e aplicativos na loja, com cada vez mais agilidade de integração entre sistemas e ERPs para, finalmente, obtermos total padronização. A partir daí, conseguiremos trazer a inteligência artificial imediatamente e essa loja de aplicativos garantirá mil possibilidades de inovações.
(Fonte: Décio Krakauer é CEO da Ramo).