Hélio Nobre (*)
Não é segredo para ninguém que a Inteligência Artificial (IA) é atualmente o grande expoente em qualquer área quando o assunto é tecnologia.
Pensando no cenário envolvendo os sistemas de conectividade e telecomunicações, a IA tem sido a responsável por trazer uma série de benefícios fundamentais, especialmente quando avaliamos o contexto Business to Business, ou o famoso B2B. Neste nicho específico, a tecnologia revela-se uma ferramenta capaz de trazer eficiência operacional e maior robustez das redes, entre outros predicados.
Historicamente, as telecomunicações evoluíram de simples conexões ponto a ponto para complexas redes que suportam a transferência de uma quantidade imensa de dados. Neste cenário, a IA, graças principalmente a sua capacidade de analisar grandes volumes de informações de forma surpreendentemente rápida, surge como uma alavanca para a transformação, oferecendo velocidade, assertividade, além de economia de tempo e recursos para as instituições. Tais benefícios são convertidos em vantagem competitiva significativa quando as companhias conseguem lidar com esse novo recurso de maneira estratégica.
Diante da integração da IA, as redes de conectividade tornam-se mais poderosas, permitindo uma gestão mais eficaz através da medição e análise em tempo real. Esse avanço facilita a correção rápida de falhas, além de melhorar o nível de serviço prestado e, principalmente, na predição de problemas antes que eles afetem os usuários finais. Tal capacidade vai além da otimização da experiência do usuário, fortalecendo também a confiabilidade das empresas que dependem das redes para operar, o que hoje, podemos afirmar com segurança, é a esmagadora maioria dos casos.
No quesito segurança, muito provavelmente o principal motivador para a inclusão da tecnologia na conectividade, o objetivo passa pelo fortalecimento da capacidade de proteção das redes. Diante de seu potencial de prever e analisar tendências, a IA se mostra uma aliada fundamental na prevenção contra ciberataques, ou qualquer tipo de invasão que signifique um desvio de padrão na rede. Mais do que isso, a tecnologia possibilita uma consolidação e análise eficiente das falhas, o que contribui diretamente para a estabilidade e segurança das conexões empresariais e dos dados ali inseridos.
Além disso, a análise de grandes volumes de informações possibilitada pela IA assegura que as empresas consolidem resultados preditivos para outras funções, como tendências de mercado, segmentação de mercado e sinais de competitividade e concorrência, viabilizando tomadas de decisões mais rápidas e assertivas. Avaliando as questões internas das corporações, é possível destacar ainda como a tecnologia contribui para a automação do backoffice das instituições. Atividades meramente administrativas e burocráticas, como a emissão de folhas de pagamentos e faturas, gestão de estoque e logística ou o controle de acesso e uso de EPIs e EPCs em ambientes controlados passam a ser feitos pela máquina, garantindo maior velocidade na execução e uma redução significativa nas margens de erros.
Apesar dos benefícios, a adoção da novidade em telecomunicações está longe de estar livre de desafios. Ao mesmo tempo que exigiu que todas as instituições se adequassem a um novo contexto, a pandemia deixou claro que muitas delas ainda não estavam nem próximas de estarem preparadas para uma realidade digital. Tanto é que cada vez mais observamos que as empresas iniciam os seus movimentos de adaptação somente após alguma grande dor ou perda sofrida. Ou seja, a adequação à realidade em que a IA se torna peça fundamental para trazer as melhorias significativas de predição e atuação na rede ocorre, muitas vezes, somente diante de algum problema significativo.
Tal cenário destaca a necessidade do mercado corporativo entender a importância de se avaliar uma estratégia proativa em relação à adoção das tecnologias avançadas. Até porque, com a evolução das redes de dados corporativas e o aumento da demanda e fluxo de informações, além, é claro, do nível de exigência por parte dos clientes, se torna cada vez mais evidente a urgência da integração convergente de serviços que conjuguem a arquitetura SASE (Secure Access Services Edge) e IA.
Segundo um estudo publicado pela consultoria Gartner, 20% das configurações de ofertas de SD-WAN serão feitas a partir da incorporação da IA até 2026. O montante representa um salto significativo visto que hoje esse número é praticamente nulo. Diante da tendência, cada vez mais será possível que as empresas apresentem um gerenciamento contínuo da rede com pouca ou, em alguns casos, até nenhuma intervenção humana, reforçando o papel da máquina na construção de redes mais resilientes e adaptáveis.
Em resumo, a IA está se consolidando como um componente essencial para o desenvolvimento de soluções de telecomunicações no mercado B2B. As corporações que souberem explorar as oportunidades proporcionadas por essa tecnologia, sem dúvida, poderão modificar o status quo do mercado.
(*) COO da SecureLink.