Lucas Continentino (*)
No dinâmico universo do marketing, o olhar para o consumidor é estratégico para as empresas estreitarem seus laços com seu público. É importante criar ações e campanhas que transcendem o convencional.
Venho observando a implementação bem-sucedida de abordagens que não apenas consolidam a relação empresa-consumidor, mas também impulsionam a Economia Criativa.
Sabemos que o marketing de influência tem mexido com os hábitos de consumo globais.
Dados da Oxford Economics apontam que, nos Estados Unidos, o ecossistema criativo do YouTube, por exemplo, gerou impressionantes US$ 35 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. No Brasil, apesar de ainda não alcançarmos esses números, a pesquisa destaca uma contribuição significativa de R$ 4,7 bilhões em 2019, evidenciando a relevância do setor.
Projeções indicam que o setor poderá atingir, globalmente, a impressionante marca de US$ 24 bilhões até o final de 2024. Além das parcerias tradicionais com criadores de conteúdo, como posts patrocinados e “collabs”, estratégias que promovem experiências tangíveis entre a marca e o público se destacam como diferenciais impactantes.
Ações que envolvem a presença dos influenciadores, como tardes de autógrafos, meet & greet e participação em eventos criam oportunidades únicas para o público se conectar emocionalmente à marca, transformando consumidores em verdadeiros entusiastas. Mas atenção: não só de influenciadores se faz o marketing em 2024.
O licenciamento de produtos é uma forma tradicional, mas eficaz, de aproximação do público quando feita de forma criativa. De acordo com a Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral), o faturamento desse mercado de varejo em 2023 foi de R$ 23,2 bilhões, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior.
É possível desenvolver jogos, bonecos, vestuário, artigos de papelaria e uma infinidade de outros produtos personalizados, online e offline, que vão conquistar a afeição do público e ajudar a criar uma comunidade de marca. Qual criança da década de 1990 não se lembra dos Tazos Looney Tunes nos salgadinhos da Elma Chips ou do chocolate da Turma da Mônica lançado pela Nestlé? Esses produtos marcaram uma geração.
Temos exemplos recentes, como a febre dos hidratantes labiais Carmed em parceria com a Fini, que vendeu R$ 23,5 milhões em um mês, enquanto o faturamento de todo o ano anterior havia sido de R$ 24 milhões.
Também o Guaraná Antártica e a Faber-Castell, que criaram coleções exclusivas e limitadas de maquiagem com a Quem Disse, Berenice?. Essa é uma estratégia que gera experiências únicas no tempo e, por isso, memoráveis, fortalecendo todas as marcas envolvidas.
A internacionalização de conteúdos também está emergindo como uma tática visionária no país. Ela é capaz de otimizar a monetização nas plataformas digitais, dada a disparidade nos ganhos de receita a cada mil visualizações (RPM) no Brasil em comparação com os Estados Unidos.
Já existem tecnologias que permitem às empresas expandir sua presença global de forma ágil e acurada, como a dublagem por clonagem de voz via Inteligência Artificial. Com os conteúdos dublados ou traduzidos para outros idiomas, influenciadores brasileiros podem passar a receber uma receita mais expressiva.
Das velhas às novas estratégias, o cerne reside em desenvolver um marketing genuíno que não perca de vista os valores fundamentais da marca. Ao recordarmos produtos emblemáticos, percebemos narrativas que, décadas depois, ainda são consistentes. É preciso muito cuidado ao decidir se associar a um influenciador ou uma empresa.
O consumidor busca identificação com as marcas que consome, por isso, venda sua verdade.
(*) – É sócio-fundador da Curta, o maior hub de influenciadores da América Latina (https://www.curta.com.br/).