O dólar encerrou fevereiro com uma leve alta de 0,46%, após orbitar entre os R$ 4,90 e R$ 5 por todo o mês. Contudo, esse movimento de alta no dólar foi na contramão do que tradicionalmente ocorre em “períodos de bonança”, quando os principais índices do mundo renovam as máximas históricas e, paralelamente, o dólar cede.
Um dos fatores que, curiosamente, podem explicar essa alta do dólar é o boom da inteligência artificial (IA), que atrapalhou países emergentes, inclusive o Brasil. Segundo Luan Aral, trader e especialista em dólar da Genial Investimentos, fevereiro foi marcado por um movimento de rotação nos mercados que ocorreu simultaneamente com o avanço do interesse dos agentes econômicos pela IA.
“Infelizmente, o Brasil não é dotado de grandes players neste segmento e o dinheiro que ficaria no país graças às commodities migrou para empresas de tecnologia, tanto que vimos as Bolsas internacionais registrarem máximas históricas”, afirma. “E normalmente, quando temos esse período de bonança nos mercados globais, temos o dólar caindo no mundo e também no Brasil, o que não ocorreu dessa vez. O dólar DX fechou em alta de 0,49% e, por aqui, a moeda norte-americana também subiu”, complementa.
O especialista recorda que as principais commodities produzidas no país (soja, milho, minério de ferro, entre outros) fecharam o mês em baixa. “Essa queda impacta a nossa balança comercial e, consequentemente, o fluxo cambial de dinheiro que poderia ter entrado no País”, recorda Aral. Na balança cambial, a saída de dinheiro estrangeiro também trouxe consequências para a moeda – até meados de fevereiro, o saldo líquido era negativo em R$ 18 bi.
“O fluxo ficou bem aquém ao longo do mês e uma das razões é que, em tese, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortaria os juros nas próximas reuniões, mas os principais dirigentes colocaram esse corte para o segundo semestre”, diz.
“Naturalmente, o mercado americano permanecerá com uma taxa de juros acima do que a desejada pelos agentes econômicos e, se a maior economia do mundo está pagando bem em relação aos seus títulos públicos, é natural que o dinheiro migre dos países emergentes para lá”, destaca o especialista, que também recorda os ruídos políticos locais como um dos fatores para a oscilação da moeda.
É hora de comprar dólar? – Aral orienta que o público que deseja realizar um “pé-de-meia” em dólar para viajar ao exterior compre a moeda de forma recorrente – assim, é possível alcançar um preço-médio da cotação.
“Caso o investidor deseje chegar com uma determinada quantia no final de 2024, ele pode ir comprando dólar quinzenalmente ou mensalmente. Independentemente de onde estiver a moeda no final de 2024, o preço pago pelo dólar será uma média do ano inteiro, o que torna esse valor nem muito caro nem muito barato”, aconselha. A Genial Investimentos trabalha com a projeção de que o dólar termine o ano em R$ 5,05. – Fonte e mais informações: (https://www.genialinvestimentos.com.br).