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Será que o “modo avião” é necessário?

em Tecnologia
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Os que viajam de avião são sempre lembrados pela tripulação a colocar seus celulares no modo avião.

Vivaldo José Breternitz (*)

Essa medida passou a ser tomada quando os celulares começaram a se tornar comuns, pois acreditava-se que os mesmos poderiam interferir nos sistemas de navegação do avião, aumentando o risco de acidentes.

Com a evolução da tecnologia, esse risco praticamente deixou de existir. Isso aconteceu pela instalação a bordo de pico cells, ou pico-células, pequenos dispositivos que garantem que os sinais dos celulares não cruzem com os sistemas de comunicação do avião. As pico-células não são novidade, existem há mais de duas décadas e são utilizadas para outros fins no ambiente de telefonia celular.

Mesmo sem pico-células, há poucas evidências de que telefones interfiram nos sistemas de um avião. Já em 2012, a Federal Aviation Administration (FAA) conduziu um estudo que não apontou evidências significativas acerca de interferências.

Mas há outras razões pelas quais as companhias aéreas exigem o modo avião; a primeira delas é o desconforto que as conversas trazem aos passageiros que estão próximos ao usuário do aparelho. A segunda, e mais importante, são os episódios air rage, violência verbal e até mesmo física tendo como alvo passageiros e comissários, desencadeados por usuários de telefones que recebem notícias ruins durante telefonemas ou são repreendidos por estarem incomodando pessoas próximas com suas conversas.

Air rage é um grande problema nos Estados Unidos e está piorando. A FAA relatou mais de 10 mil casos entre 2021 e 2023, um aumento de cerca de 300% em relação a 2018-2020.

É importante lembrar que a legislação exige que os passageiros sigam as instruções da tripulação, o que inclui ativar o modo avião. Independentemente dos aspectos tecnológicos, as consequências para os passageiros que não o fazem podem ser bastante desagradáveis.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].