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Cidades inteligentes são tendências para o mercado de desenvolvimento urbano

em Destaques
terça-feira, 30 de janeiro de 2024

São Paulo e Nova York podem até ser as metrópoles-vitrine para oportunidades de emprego e novos negócios, mas seus habitantes não querem atravessá-las diariamente para trabalhar. Qualidade de vida se tornou sinônimo de morar perto do trabalho, a uma distância que permita, se possível, ir a pé ou de bicicleta e visitar outras regiões da cidade só quando necessário ou por diversão.

O Censo 2022 apontou uma inédita redução da população em nove capitais brasileiras nos últimos 12 anos. Salvador lidera o ranking, com 10% de moradores a menos, seguindo de Natal (-7%), Belém (- 6%), Porto Alegre (-6%), Recife e Belo Horizonte (-3%), Rio Janeiro e Vitória (-2%) e Fortaleza (-1%). Esse movimento reforça uma tendência que segue em alta para os próximos anos.

Segundo o articulador do setor de desenvolvimento urbano e especialista em Gestão de Negócios Imobiliários, Flávio Guerra, esse modelo tem crescido entre os novos empreendimentos do mercado. Articulador do setor de desenvolvimento urbano e membro de órgãos representativos, ele acompanhou de perto as tendências de agosto a dezembro, como convidado dos principais eventos e missões técnicas no Brasil e fora.

“O walkability [caminhabilidade], que está em alta, se traduz na ideia de acessar os principais serviços e realizar as atividades cotidianas dentro do próprio bairro. As pessoas estão buscando mais praticidade no dia a dia e não querem mais enfrentar o trânsito dos centros urbanos. Por exemplo, ir à padaria, à farmácia, aos correios, fazer supermercado, levar o animal de estimação ao veterinário, ir a um restaurante quando não há tempo para cozinhar”, comenta Flávio.

Segundo ele, a criatividade e a tecnologia a serviço do desenvolvimento socioeconômico e seu impacto positivo na vida das pessoas estão reunidas nesse conceito. Ele explica que as cidades e as moradias estão entre as invenções humanas que mais influenciam nosso cotidiano e, por isso, estão em constante transformação.

Com as novas tecnologias e conectividades, os centros urbanos tendem a se transformar em cidades inteligentes, onde o planejamento urbano seja em prol do bem-estar, com energias limpas, o 5G e a internet das coisas (iOT) em pleno funcionamento e cidades caminháveis, que exijam menos mobilidade entre a casa e o trabalho. Outra forte tendência é a busca por qualidade de vida, aliada à preocupação socioambiental: bairros e cidades que sejam sustentáveis.

Os empreendimentos mais valorizados são aqueles que dão acesso a serviços essenciais e que preservam a fauna local, utilizam materiais reciclados na construção, têm alamedas arborizadas, instalam iluminação em LED, reutilizam a água das chuvas, possuem bicicletário e estação de carregamento de carros elétricos, usam pavimentação com um ótimo sistema de drenagem, fazem coleta seletiva do lixo.

“As cidades já foram pensadas para caber os carros, que nada mais são do que máquinas. Hoje sabemos que o ponto central de qualquer cidade deve ser a comunidade, as pessoas que vão morar ali”, afirma Flávio. “Isso é feito por meio da preservação ambiental e do fomento à economia local pela rede de comércio que se forma: o açougue, o hortifrúti, a papelaria e assim por diante”, esclarece. Os novos empreendimentos já consideram essas tendências de consumo.

As pessoas também não querem precisar sair de seus bairros ou cidades para ter contato com a natureza. As praças e parques verdes bem urbanizados são cada vez mais demandados. Isso quer dizer que além de lagos com deck, árvores que dão sombra e grama para se sentar e fazer piqueniques, os moradores esperam estruturas e facilidades próprias das cidades, como pistas para caminhada e acesso à internet Wi-Fi, sempre em busca de praticidade e bem-estar.