Com o intuito de reforçar e incentivar a cultura de proteção de dados, o Conselho da Europa criou, em 26 de abril de 2006, o Dia Internacional da Proteção de Dados, que desde então é celebrado todo 28 de janeiro — para comemorar a Convenção 108, o primeiro tratado internacional juridicamente vinculativo sobre proteção de dados assinado em 1981.
A data serve como um alerta para os riscos que rondam o monitoramento e armazenamento de dados, incluindo navegações e permissões liberadas durante a utilização de sites e outras plataformas. Segundo pesquisa realizada ano passado pela empresa Twilio, localizada nos EUA, os consumidores querem cada vez mais distância dos cookies. O estudo analisou 6.000 clientes e 4.700 líderes de negócios ao redor do mundo, mostrando que 95% dos entrevistados desejam ter mais controle sobre seus dados na internet.
Sylvia Bellio, especialista em cibersegurança e infraestrutura de TI, e CEO da itl.tech — eleita por quatro vezes o maior canal de vendas da Dell EMC no Brasil —, pontua que o debate sobre privacidade de dados é extremamente importante, porque as informações digitais revelam muito sobre a pessoa fora do ambiente virtual.
“Hoje em dia, a internet é o local onde estão nossas informações como endereço, RG, CPF, número do telefone e até dados muito específicos sobre gostos, peso e hábitos, por exemplo. Por isso, é fundamental que as pessoas pensem sobre as consequências dessa superexposição e como ela pode nos afetar caso qualquer informação caia nas mãos erradas”, defende.
LGPD
A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) foi promulgada em agosto de 2018 pelo então presidente Michel Temer, com o objetivo de fornecer ao cidadão brasileiro controle sobre seus dados pessoais e o estabelecimento de regras quanto ao tratamento de tais dados por organizações públicas e privadas.
Entre os benefícios, os brasileiros podem verificar quais dados estão sendo coletados, quem está compartilhando, e como esses dados estão sendo tratados. A LGPD traz uma maior segurança jurídica sobre o fornecimento e utilização dos dados, assim como o crescimento da transparência em relação a esse tratamento.
Tratamento de dados por parte das empresas
Diversas empresas consolidadas no mercado já se atentam às políticas de privacidade e segurança e seguem uma conduta séria sobre o assunto — mas nem todas elas tratam o tema com a relevância que ele merece.
Prevenção, adequação, prestação de contas, responsabilidade e segurança estão entre as práticas que devem ser adotadas pelas empresas quanto ao tratamento de dados fornecidos e coletados.
Se faz fundamental a criação de medidas técnicas e administrativas para proteger os dados de acessos não autorizados e de outros incidentes, assim como informar o seu uso inicial, além de esclarecer de forma transparente, com informações claras e precisas, o tratamento e finalidade do dado.
O que podemos fazer para aprimorar a proteção de dados?
Confira algumas dicas elencadas por Sylvia Bellio a seguir:
Preste atenção nas permissões e no tipo de navegação – Observe se a página que você está utilizando possui as letras “https” e um cadeado na parte esquerda antes do link, que são indicativos de autenticidade. Além disso, utilizar a função “navegação anônima” ou “modo secreto” permite realizar a navegação sem gerar cookies e registros de acessos, impedindo que os mesmos sejam rastreados. Os chamados ‘cookies’ guardam temporariamente suas visitas, histórico de navegação, formulários com seus dados e até seu número de registro de computador, o IP.
Verificar configurações de privacidade e limpar informações – Outra coisa importante na utilização do navegador é verificar com certa frequência a configuração da privacidade. Verifique quais permissões de dados está concedendo e, por precaução, é bom limpar informações e cookies. Da mesma forma que no navegador, nas redes sociais e nos buscadores também é preciso analisar no menu ‘configurações’ as alternativas de privacidade e limitar o acesso a dados que você não queira que sejam públicos.
Reforce suas senhas e utilize a autenticação de dois fatores – Redefina suas senhas e crie combinações de números, letras e caracteres especiais. Importante: jamais utilize a mesma senha para sites e aplicativos — caso um hacker obtenha sua senha, ele terá acesso a tudo.
Rever a relevância dos aplicativos e se faz sentido mantê-los instalado no dispositivo – Segundo Sylvia Bellio, se o aplicativo não é usado com frequência, é melhor deletá-lo. Além disso, é importante analisar o que cada app pode guardar, analisar o que foi liberado sobre a privacidade e verificar se há alguma notícia na web sobre o aplicativo.
A CEO e Co-fundadora da itl.tech acredita que, seguindo estas dicas, é possível aproveitar todas as facilidades e benefícios do universo virtual com sua segurança preservada.
Com a chegada da LGPD, tudo ficou mais claro em termos de direitos e deveres de todos que têm acesso às informações pessoais dos brasileiros. Diante disso, a especialista afirma que é importante que todos reservem um momento para reconhecer o verdadeiro significado da proteção de dados. “Vale a pena reservar apenas alguns minutos do seu dia para ler um artigo sobre o “aceitar cookies”, que aparece em sites e aplicativos”, ressalta Sylvia.
“É necessário que a população se conscientize sobre a importância de ler contratos e todos os pedidos de acesso de aplicativos, por exemplo. Os dados pertencem às próprias pessoas. A partir do momento que todos saberem disso, a tendência é que as relações fiquem sempre mais transparentes”, finaliza.