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Chegaram os cães robôs armados

em Tecnologia
segunda-feira, 06 de novembro de 2023

Durante exercícios realizados no último mês de setembro, fuzileiros navais americanos dispararam um lançador de foguetes atado a um cão robô, controlado remotamente.

Vivaldo José Breternitz (*)

Tratava-se de uma prova de conceito, um teste que pretende verificar a funcionalidade do conjunto robô/arma – o mais curioso é que o robô é um modelo comercial relativamente barato, o Unitree Go1 de fabricação chinesa, que qualquer pessoa pode comprar na Amazon por cerca de US$ 5 mil.

Fontes militares ressaltaram o caráter de prova de conceito, afirmando que esse robô não é uma plataforma construída sob de especificações militares, e que se a ideia evoluir, o robô será outro.

A arma utilizada foi um lançador de foguetes antitanque M72, preso às costas do cão robô que pareceu lidar bem com o recuo da arma provocado pelo lançamento do foguete – a imagem que ilustra esta matéria foi publicada pelo portal EurAsian Times em 31 de outubro passado e mostra o conjunto robô/arma sendo preparado para o disparo.

Um vídeo de outro cão robô disparando uma submetralhadora se tornou viral em 2022. Esse robô era um modelo UnitreeYusu e a arma uma PP-19 Vityaz. Nesse caso, o recuo da arma causado pelos disparos desequilibrou o cão, prejudicando a precisão do tiro.

Um cão robô armado com um lançador de foguetes RPG-26 foi exibido na Army 2022, uma exposição realizada na Rússia no ano passado. O exército chinês já publicou fotos e vídeos de cães robôs armados conduzindo patrulhas.

Se por um lado o uso de armas como essas, controladas remotamente, pode reduzir os riscos que correm seus operadores, são assustadores os danos que elas podem causar, pela sua capacidade de se deslocarem praticamente em qualquer tipo de terreno e de serem mais difíceis de serem neutralizadas em função de seu pequeno tamanho – também em função de seu baixo custo, como os drones, podem levar novos padrões aos conflitos. Além disso, seu custo relativamente baixo pode torná-las acessíveis a grupos criminosos.

Em resumo: os cães robôs armados não estão chegando, eles já estão aqui.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.