A ativação da rede 5G em diversas capitais foi um dos grandes marcos tecnológicos recentes no país e, desde então, criou-se uma expectativa com relação às melhorias trazidas pela nova rede móvel ao cotidiano da população, uma vez que ela promove uma internet com maior velocidade e menor latência. São inúmeros benefícios para diferentes setores, no entanto, quando olhamos para a Educação brasileira, este pode ser um grande desafio, principalmente pelo cenário atual que mostra um gap muito grande entre o ensino público e privado no que diz respeito à inclusão digital.
Isso porque, atualmente, muitas escolas ao redor do país ainda carecem de acesso básico à internet e infraestrutura digital adequada, cenário que ficou ainda mais evidente durante a pandemia e a necessidade de ensino remoto. Segundo dados do Painel Conectividade nas Escolas de 2022, disponível no portal da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 46,1 mil (33,2%) escolas brasileiras não dispõem de laboratórios de informática; 9,5 mil (6,8%) não possuem acesso à internet; e 3,4 mil (2,5%) nem sequer tinham acesso a rede de energia elétrica.
Para tentar mudar esse cenário com a chegada da nova geração de rede móvel, em atendimento ao Edital do Leilão de 5G, as empresas vencedoras assumiram o compromisso de investir R$ 3,1 bilhões para a conectividade das escolas públicas. Mas quando olhamos para o cenário prático, em muitos casos é preciso dar um passo atrás, ampliando primeiro o investimento em infraestrutura básica, como a entrega de energia elétrica, e na qualificação dos materiais teóricos e práticos.
Quando concretizada a implementação da rede 5G nas instituições de ensino, precisamos seguir para o investimento em tecnologias compatíveis para a utilização da nova rede móvel e, paralelo a isso, na capacitação digital de professores e gestores para extrair o melhor proveito desse avanço tecnológico.
Em contraponto à realidade do ensino público, observamos que muitas instituições privadas já caminham para um cenário de evolução e inovação do uso de tecnologia e internet na sala de aula. Com mais velocidade de processamento das informações, a didática em si se transforma, indo além de uma transposição do ensino do mundo físico para o digital. A relação dos estudantes com os docentes e com a própria instituição se torna muito mais dinâmica.
Em termos de ganhos para o ensino, o céu é o limite. Alguns dos principais benefícios serão maior engajamento e interatividade dos alunos; aprimoramento do EAD, ampliando as possibilidades de educação remota; experiências imersivas e de realidade virtual em sala de aula; por aí vai. Podemos incluir na lista ainda um ponto super importante para o país: preparar o profissional do futuro, oferecendo uma melhor capacitação dos estudantes para o mercado de trabalho no futuro, que deve ser cada vez mais digital e conectado.
Em resumo, existe um grande potencial de melhoria na qualidade da educação com a chegada e evolução da rede 5G, mas precisamos não apenas estar conscientes do gap entre instituições públicas e privadas, como unir esforços para mudar essa realidade. É preciso que haja uma mobilização tanto da iniciativa privada quanto da esfera pública para a melhoria da educação do país para todos os estudantes. Essa visão requer atenção não só no presente, mas também no futuro, já que esses talentos em construção serão – ou deveriam ser – absorvidos pelo mercado de trabalho e impulsionadores da economia, política e sociedade brasileira de maneira geral.
(Fonte: Eduardo Pires, diretor de produtos do segmento Educacional da TOTVS).