Nascido em 1919, Andrew Kay, após formar-se em engenharia pelo MIT em 1940, foi trabalhar no grupo Bendix e depois no Jet Propulsion Laboratory, da NASA, onde participou do projeto do Redstone, o primeiro grande míssil balístico americano.
Vivaldo José Breternitz (*)
Mais tarde, fundou sua própria empresa, a Non-Linear Systems, uma fabricante de instrumentos digitais famosos por sua robustez e por essa razão utilizados em aplicações de missão crítica, como naves espaciais e submarinos – ali, inventou o voltímetro digital, um grande avanço tecnológico para a época.
Em 1981, participando da West Coast Computer Faire, uma das mais importantes feiras da área de tecnologia da informação da época, conheceu o primeiro computador “portátil”, criado por Adam Osborne; Kay apaixonou-se pelos portáteis.
Na feira do ano seguinte, Kay apresentou na feira sua própria máquina, o Kaypro II (o “II” na esteira do sucesso do Apple II). A máquina era vendida por US$ 1.795, valor hoje em torno de US$ 6 mil, pesava cerca de 12 quilos e era chamado por muitos “luggable” (algo como “bagajável”, equivalente a uma mala) ao invés de portátil.
Na medida em que a empresa de Osborne perdia mercado, o Kaypro tornou-se o computador portátil mais vendido no mundo, com usuários ilustres, como Arthur C. Clarke, que usando um deles escreveu “2001 – uma odisseia no espaço”.
Mas como acontece com frequência no mundo da tecnologia, Kay cometeu um erro estratégico fatal: demorou a perceber que o MS-DOS se tornara um padrão, e não adaptou o Kaypro a ele, o que acabou levando sua empresa à falência em 1990.
Kay, no entanto, continuou apaixonado por computadores – até os 90 anos continuou produzindo máquinas de forma artesanal, vendendo-as em uma pequena loja no sul da Califórnia.
Morreu em 2014, aos 95 anos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.