Marcio Brant (*)
Você já deve ter escutado em algum momento nos últimos anos que “o rádio voltou com tudo”. Bem, essa definitivamente é uma verdade e muito dela se deve aos podcasts, que hoje abrangem praticamente todos os temas e formatos e de um jeito novo: on demand, onde o ouvinte escuta o conteúdo na hora que quiser. Só para ter uma ideia do impacto dessa tendência, uma pesquisa da Statista mostrou que 40% dos internautas afirmaram que consumiram esses conteúdos em 2022. Além disso, junto do Ibope, a mesma empresa forneceu dados para a plataforma Cupom Válido levantar a seguinte informação: 30 milhões de pessoas adoram o recurso auditivo no Brasil, número que só é superado por Suécia e Irlanda.
Com isso, não é surpresa que as marcas, sejam elas do setor que forem, deixaram de olhar essa estrutura como um produto bônus no seu portfólio, ou mesmo como um simples produto isolado. A ferramenta não é o fim, mas sim o meio para alcançar o objetivo de criar estratégias de comunicação digitais extremamente eficientes, que aumentam a visibilidade das empresas no mercado e as chances delas reterem e expandirem cada vez mais a sua base de clientes.
O motivo principal para essa nova perspectiva é muito simples: estamos falando de uma mídia maleável, ou seja, o ouvinte pode escutar a gravação quando, como e onde quiser. E, uma vez que o público passa a ter uma maior praticidade e agilidade em acessar o conteúdo, a tendência é a de que as companhias fiquem mais próximas dos consumidores e criem recursos para não deixar eles escaparem.
Em resumo, é um verdadeiro canal de ações de marketing voltado para a fidelização de clientes. Por meio dele, a marca pode escolher como fortalecer os seus serviços, cultura, valores e objetivos, aumentando as chances de que ela seja vista como uma autoridade no seu ramo de atuação de uma maneira completamente orgânica e se destacando em meio às suas concorrentes.
Como se não bastasse, tudo isso ainda é potencializado na realidade tecnológica atual com a cultura data driven. Vamos parar para pensar: o que a análise de dados estratégica faz para ajudar a produção e distribuição de podcasts? A resposta praticamente está na própria pergunta, já que ao coletar essas informações com métricas que correspondem a KPIs específicos, é possível chegar a insights sobre como dar vida a conteúdos de alta performance.
Só para citar alguns desses indicadores, podemos falar de três que são essenciais:
Engajamento: a retenção dos episódios é a primeira coisa que precisa ser observada, afinal, só assim há como saber qual conteúdo o público está realmente gostando.
Criação de comunidade: a quantidade de pessoas que efetivamente está ouvindo o conteúdo também é essencial para além da quantidade de plays, porque dá a empresa a resposta se as suas produções estão formando ouvintes únicos ou comunidades sólidas em torno do tema trabalhado.
Intenção do usuário: ainda no que diz respeito ao comportamento do consumidor, hoje existem ferramentas de dados que “localizam” o público consumidor, revelando qual o caráter da visita de cada cliente ao conteúdo: informacional, navegacional, transacional ou comercial, por exemplo.
Essas são apenas algumas amostras de como os podcasts podem se transformar em estratégias que trazem um forte impacto aos negócios. Dentro dessa lógica, a empresa tem a capacidade de estruturar um projeto de crescimento de peso, que expanda o perfil da audiência consumidora e se conecte a diversos outros canais digitais da marca, como as próprias redes sociais.
É claro que essa não é uma missão fácil. Falar de branding, valores, metas, produtos e serviços de modo integrado é um processo que deve ser pensado com calma e assertividade; não à toa, atualmente há companhias especializadas na aplicação dessas soluções ao setor corporativo brasileiro, que estão abrindo novas possibilidades e pontes a organizações de diferentes segmentos e portes.
Trazendo esses especialistas para perto e realmente colocando o podcast no planejamento estratégico da marca, não há dúvidas de que os CEOs e departamentos de marketing conseguirão transmitir a mensagem que desejam com mais visibilidade, clareza e precisão. A questão aqui não é apenas oferecer conteúdos sonoros ao cliente, e sim influenciar e impactar a formação da opinião de pessoas com qualidade e, obviamente, responsabilidade.
(*) É CEO e fundador da Wepod, maior produtora especializada em podcasts corporativos do Brasil.