Cassiano Cavalcanti (*)
Sem a conta laranja, não existiriam fraudes! Por isso, temos uma preocupação em constante crescimento, pois os golpes desempenham um papel crucial em várias artimanhas criminosas, atuando como intermediários em atividades ilícitas que variam desde sequestros até roubos de contas. Todo o capital originado desse tipo de atividade é canalizado por meio dessas contas, as quais podem ser abertas de forma ilegal ou por indivíduos com intenções maliciosas. Dessa forma, é de suma importância reconhecer que a viabilidade das fraudes está intrinsecamente ligada à presença das contas laranjas no cenário financeiro.
Conforme uma projeção realizada pelo Banco Central (BC), os golpes dentro do sistema financeiro brasileiro ocasionaram um prejuízo de aproximadamente 2,5 bilhões de reais ao longo do ano de 2022. Diante disso, as autoridades têm reconhecido essa ameaça e estão tomando medidas para conter as práticas fraudulentas. Uma das estratégias implementadas é a Resolução Conjunta 06/2023, que consiste na exigência de compartilhamento de informações relativas à fraudes entre as diversas instituições financeiras, com o propósito de viabilizar uma abordagem de combate mais eficiente e coordenada contra a conduta ilícita. A resolução busca garantir mais segurança, possibilitando a identificação e o rastreamento das contas laranjas e das suas conexões associadas a atividades fraudulentas.
Desse modo, a digitalização acelerada do Sistema Financeiro Nacional (SFN), especialmente impulsionada pelo uso do PIX e a pandemia, trouxe novos desafios. A abertura de novas contas sem critérios rigorosos e a ênfase dada à expansão do número de usuários, em detrimento da segurança, abriram brechas para a proliferação de contas fraudulentas e o aumento das práticas de golpes financeiros. Tornando urgente a necessidade de antecipar os indícios e agir prontamente para proteger os usuários e instituições financeiras.
Sendo assim, a identificação das contas laranjas e a implementação de medidas preventivas requerem uma análise minuciosa que vai além das informações transacionais básicas. A complexidade do cenário exige a combinação de dados estáticos e comportamentais, bem como o histórico detalhado das atividades financeiras. Variáveis como geolocalização, conexões de rede, pontos de acesso, dispositivos utilizados, navegação do usuário e anomalias de tempo são consideradas essenciais para uma análise abrangente e dinâmica das atividades financeiras suspeitas.
Nesse contexto, a biometria comportamental emerge como uma ferramenta determinante. Por meio dela, são detectados padrões individuais e distintos de comportamento de cada usuário. Cada detalhe, desde a forma como interagem com a tela até o toque, a pressão exercida e até mesmo os tempos de inatividade e os diversos métodos de acesso, convertem-se em dados preciosos para identificar tais contas antes que elas possam evoluir para atividades financeiras ilícitas. A adoção da biometria comportamental aprimora consideravelmente o processo de tomada de decisão.
Portanto, a análise preditiva em tempo real é a chave para combater os indícios de contas laranjas e garantir a segurança financeira de todos os envolvidos. O aprendizado automático da Inteligência Artificial (IA) permite que o sistema se aprimore continuamente, adaptando-se a novos padrões de fraude e aprimorando suas previsões para a tomada de decisão. Consequentemente, é garantida a agilidade e precisão na detecção de atividades suspeitas, com ações rápidas para prevenir e interromper fraudes, de modo a construir um ambiente financeiro mais seguro e confiável para a sociedade.
(*) É diretor de pré-vendas da BioCatch na América Latina.