Dados evidenciam a paixão pelos esportes virtuais, que conquistam adeptos em diversos países e impulsionam receitas ao redor do mundo
A versatilidade e adaptabilidade, características do mercado de games, encontram sinergia com as peculiaridades com os fantasy sports, é o que revela estudo apresentado pelo Instituto Insper. Encomendando pela Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS), o levantamento mostra ainda que essa cumplicidade tende a ser melhor explorada a partir da regulamentação do setor, como propõe o PL 2796/2021.
O mesmo documento destaca ainda que a proximidade dos dois tipos de negócios é uma realidade que movimenta mercados globais como o do Reino Unido, onde o grande foco de atração é a Premier League, o principal campeonato nacional do mundo. Na Índia – um dos principais mercados mundiais de fantasy games – os amantes de jogos eletrônicos se renderam ao críquete virtual, esporte tradicional no país.
No Brasil, o futebol segue como principal força motriz, especialmente com fantasy games como Rei do Pitaco e Cartola FC. Lado a lado à principal paixão nacional, está o vôlei, com a ‘Cravada’, modalidade lançada pela Confederação Brasileira de Vôlei criou o Cravada, para impulsionar a Liga Masculina e Feminina de Vôlei. Cenário que reflete a versatilidade do mercado de fantasy sport, como explica o presidente da ABFS, Rafael Marcondes.
“Sabemos que o Brasil ainda há uma atenção muito grande ao futebol. Mas o brasileiro ama esportes e temos tradições em outras modalidades, como o vôlei, que vem ganhando adeptos no ambiente digital com a recém-criada ‘Cravada’, e o basquete, por exemplo. E, assim como a audiência dos esportes, o público que joga games tem faixas etárias distintas, consolidando esse mercado como diverso e inclusivo”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS).
Futebol é paixão mundial no mercado de games
Superando mais de US$ 1,05 bi, o mercado de fantasy sports europeu representou mais de 16% da receita global do segmento e o futebol conquista 78% dos jogadores de fantasy do continente, onde Reino Unido, a Espanha, a França e a Alemanha lideram a lista de adeptos, segundo o jornal inglês Prague Post. Os dados, incluídos no estudo do Insper, mostram que as receitas das principais ligas de futebol europeias registram cifras astronômicas. A Premier League, por exemplo, movimentou 7,1 bi de euros na temporada 2022/2023. Já a Bundesliga (campeonato alemão) gerou 3,6 bi de euros em receita. A La Liga Espanhola rendeu 3,7 bilhões de euros e o cálcio italiano, 2,4 bilhões de euros.
Os números listados no levantamento falam de receitas reais e mostram como esse cenário impacta também no mercado de Fantasy Sports. Em 2021, a Fantasy Premier League recebeu mais de 9 milhões de participantes, advindos de 175 países, segundo as próprias ligas de futebol espanhola e inglesa.
“Por ter um setor regulado e com previsibilidade jurídica, o mercado europeu pode, por exemplo, ofertar diferentes campeonatos dentro do Fantasy, como campeonatos regionais de pequenos países da Europa, além de garantir o pagamento de torneios, mesmo quando esses não atingem o número de participantes suficiente. Um atrativo a mais para os consumidores”, afirmou Rafael.
Na Índia, que em julho de 2021 aprovou o seu marco legal, o mercado de fantasy sports saltou de US$ 4,5 bilhões em 2021 para uma projeção de US$ 21,45 bilhões até 2025, de acordo com informações da consultoria Delloite. Críquete, futebol, kabaddi e hóquei, juntos, respondem por mais de 98% da receita total do FS. Só o críquete representa 85% da receita do fantasy sports indiano, que hoje possui em média 130 milhões de usuários. Os mesmos 85% representam também o percentual de espectadores de esportes reais com para a indústria de games. O cálculo da Federação Indiana de Fantasy Sports (FIFS) é de que 60% dos usuários assistem mais aos esportes quando estão em experiências games.
No mercado brasileiro, segundo a Industry Insights, há uma supremacia de Fantasy Sports ligados ao futebol, que abocanha 95% do mercado, seguido por basquete (52%), vôlei (48%) e futebol americano (42%).
“O que vemos, com base na experiência em todo mundo, é que os dois modelos de negócio têm margem de crescimento em faturamento e número de usuários, e a união e interação entre eles, por meio de mercado regulamentado, com segurança jurídica e previsibilidade – premissas contidas no Marco Legal dos Games – abre novas possibilidades de geração de emprego e renda no Brasil”, concluiu o presidente.