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Open Finance e Open Banking: quais são as diferenças e como as empresas podem se beneficiar?

em Negócios
terça-feira, 20 de junho de 2023

A transição de Open Banking para Open Finance já conta com 22 milhões de consentimentos ativos

O Open Finance no Brasil é tido como referência mundial. Com pouco mais de dois anos de operação após o lançamento como Open Banking, a implementação do sistema brasileiro já é um case de sucesso. A transição do Open Banking para o Open Finance começou em dezembro de 2021, quando iniciou-se o compartilhamento de dados entre as instituições financeiras a partir da regulamentação do Banco Central.

O compartilhamento de dados no Open Finance está crescendo de forma acelerada. Ao final de março deste ano, a quantidade de consentimentos chegou a 28,3 milhões, contra 18,7 milhões em dezembro de 2022. No primeiro trimestre de 2023, foram adicionados por mês, em média, cerca de 3,2 milhões de novos consentimentos, sendo a maioria de pessoas físicas.

Esses números colocam o Brasil entre os países com maior adesão ao sistema e, em breve, deve superar o Reino Unido na liderança do ranking “Global Open Finance Index” em relação ao desenvolvimento do ecossistema de compartilhamento de dados. De acordo com a empresa de consultoria Oliver Wyman, é estimado que, até 2025, o alcance seja de mais de 60 milhões de usuários.

Além disso, levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) frente às mais de 800 instituições associadas ao projeto, mostra que já são 45 produtos e serviços oferecidos aos clientes. O número considera diversos casos de uso, como iniciação de pagamento, melhores ofertas de crédito, entre outros.

Para as empresas, os benefícios ainda estão em fase de amadurecimento, mas para quem está atento ao novo sistema, já é possível perceber melhora na gestão financeira, através de aumento de produtividade com a centralização das informações, maior fluidez em pagamentos com operações iniciadas fora do internet banking, melhor acesso a linhas de crédito com maior concorrência no setor e simplificação do cadastro e onboarding de clientes.

Open Finance x Open Banking
Entre as principais dúvidas do mercado financeiro, a diferença entre Open Finance e Open Banking sempre paira na cabeça das pessoas. Ambos os sistemas contêm o mesmo objetivo, contudo, cada um tem as suas próprias particularidades. Alan Mareines, CEO da Lina Open X, explica quais são as diferenças. “Enquanto o Open Banking tem como proposta o compartilhamento de informações entre instituições bancárias, o Open Finance expande essa ideia para outras instituições financeiras do mercado, como corretoras e distribuidoras de câmbio, seguros e investimentos, seguradoras, entidades de previdência e adquirência”.

O Open Banking quer dizer banco aberto ou sistema financeiro aberto. “Ou seja, ele oferece mais autonomia para que o cliente compartilhe seus dados com a instituição financeira de sua preferência. Na prática, facilita a concessão de crédito, definindo taxas mais alinhadas ao perfil de risco do tomador do empréstimo. Além disso, o cliente pode comparar serviços entre os bancos, o que traz mais liberdade para escolher entre as opções com o melhor custo-benefício”, revela o especialista.

O sistema permite ainda que o consumidor compartilhe dados pessoais e transacionais entre bancos e instituições financeiras. Os princípios são o consentimento, a finalidade e a minimização. Assim, a troca de dados entre instituições ocorre através do consentimento para a instituição que recebe, e deve ter uma finalidade específica, como uma prestação de serviço, e com o mínimo necessário de dados. Em suma, o Open Banking estimula a criação de produtos e serviços sob medida e com valores mais atrativos para o interesse do cliente com base nos dados de consumo, renda e operações financeiras.

Já o Open Finance é a evolução do Open Banking. O objetivo é semelhante à versão anterior: conceder ao cliente a possibilidade de compartilhar seus dados com outros bancos e instituições financeiras, mas o Open Finance reúne um portfólio de possibilidades de compartilhamento mais completo, o que inclui: câmbio, investimentos, seguros e previdência.

Os clientes têm maior controle do compartilhamento de informações pessoais com operadoras de serviços financeiros não vinculadas a sistemas bancários. A proposta é que essa troca de dados permita a criação de produtos ainda mais personalizados para cada necessidade. O consumidor pode ainda levar seu histórico financeiro não só para bancos, mas também para uma corretora de seguros, um fundo de previdência e uma série de outras instituições.