Flávia Alozem (*)
Toda empresa que visa o desenvolvimento e a sustentabilidade a longo prazo precisa implementar uma boa gestão de risco e compliance.
Essas atividades estão relacionadas à governança corporativa e visam prevenir ameaças legais e problemas relacionados aos ativos físicos e financeiros do negócio. Ao ter conhecimento sobre essas práticas de gerenciamento, os gestores podem traçar estratégias para mitigar eventuais riscos e agir de forma antecipada.
Ao estabelecer e respeitar as regras de compliance, as empresas garantem o cumprimento das legislações vigentes — viabilizando a integração de setores dentro da companhia para fortalecer o sistema de diretrizes da organização quanto às leis e regulamentos e mantendo os processos corporativos conforme os requisitos jurídicos, sem abdicar dos valores éticos.
A gestão de risco e compliance também é fundamental no mercado financeiro, especialmente em fundos de investimento — incluindo aqueles que podem ser utilizados como meio de captação de recursos para a empresa. Os processos preventivos adotados pelos fundos evitam expor os entes participantes dessa indústria aos riscos regulatórios.
O foco é inibir o envolvimento da empresa em práticas ilegais e que contrariam a regulamentação do setor de atuação em que estão inseridas. Essas práticas têm se tornado ainda mais importantes para médias e grandes empresas porque auxiliam na prevenção de perdas de ativos financeiros e ampliam as chances de ter sucesso ao buscar crédito.
Alguns dos benefícios dessa gestão de riscos são credibilidade, prevenção de aplicação de penalidades ou multas, diferencial competitivo com a bandeira da governança que protege indiretamente todas as partes envolvidas, preservação de imagem e fortalecimento da marca da instituição.
Impactos e função estratégica da gestão de riscos nos negócios – A gestão de riscos e o compliance também apoiam o gerenciamento financeiro das empresas. O processo envolve mapear e traçar estratégias que ajudam a evitar os problemas, servindo como referência em momentos de crise. Para implementar práticas eficientes na organização, é preciso ter atenção a uma série de etapas.
A primeira delas consiste em conhecer as ameaças relacionadas a questões financeiras e de regulamentação às quais a companhia está exposta. Entre os principais perigos, estão: risco de crédito, risco de mercado, risco fiscal e risco operacional. Esses fatores podem atuar em conjunto, de maneira simultânea ou com uma situação desencadeando outra. Com base nessa coleta de informações, é preciso definir a tolerância da companhia a essas ameaças, já que não é possível eliminar todo tipo de risco.
Ademais, cada um deles pode afetar a empresa de modos específicos, exigindo estratégias diferentes para sua solução. Nesse momento, contar com um parceiro especializado pode ajudar na implementação de medidas eficazes. O uso de big data e ferramentas de gestão regulatória, bem como a contratação de escritórios de advocacia especializados, são parceiros indispensáveis para a otimização de processos de due diligence e cumprimento de obrigações regulatórias.
Assim, os referidos processos ganham escala sem perder qualidade e assertividade. Depois, é importante acompanhar os resultados para que a companhia possa avaliar o desempenho das medidas adotadas e analisar cenários para ter uma postura ainda mais preventiva. Os processos têm um papel fundamental nos fundos de investimento, exigindo o cumprimento de práticas específicas previstas pelos agentes reguladores de mercado.
É isso que imprime segurança e credibilidade ao setor, viabilizando o desenvolvimento e crescimento sustentável da indústria de fundos.
(*) – É Diretora de Compliance do Intrabank. Advogada, é especialista em Direito Empresarial pela Escola Paulista de Direito e Compliance e especialista em Compliance pela Insper (https://intrabank.com.br/).