Valéria Pimenta (*)
Crescimento acelerado, aumento no quadro de colaboradores, aportes milionários para ganhar escala e o desafio de unir rentabilidade e expansão.
O ritmo das startups é algo único. No entanto, apesar de o foco de muitos gestores e fundadores ser a busca de capital para o negócio ganhar tração, é necessário que, para se manter saudável e em velocidade de cruzeiro, as startups tenham um olhar atento para a gestão de pessoas e o desenvolvimento da própria liderança.
O desafio de atrair e reter talentos nesse segmento é comprovado por um estudo da Founders Circle. O levantamento realizado com 25 startups de crescimento rápido dos Estados Unidos revelou que um a cada quatro novos colaboradores de startups se desliga das companhias com menos de um ano de atuação. O que representa uma ‘fuga’ de 25% dos talentos. Para efeitos de comparação, na indústria este número é muito inferior: 13%.
A gestão de pessoas, estratégica para qualquer companhia, é um dos processos que mais gera desgaste emocional nessa jornada desafiadora. Fundadores de startups, muitas vezes, não possuem um repertório de liderança e acabam enfrentando dificuldades quando precisam liderar um time, que cresce exponencialmente, em número e complexidade, à medida que a empresa ganha fôlego e começa a receber aportes – e cobrança dos investidores.
O crescimento desse mercado é muito acelerado no Brasil. Hoje, o país reúne cerca de 12 mil startups ativas. Os segmentos que mais contemplam empresas são o de Tecnologia da Informação (28%), Serviços (22%) e Varejo (16%), de acordo com dados da Cortex.
Muitas vezes, observo em conversas com líderes de startups, tímido repertório e know-how de liderança. Por vezes, sequer se sentaram em cadeiras de líderes uma única vez, mas, em curto espaço de tempo, se veem no topo da pirâmide de startups com centenas de colaboradores sob suas diretrizes.
É nesse momento que líderes atentos, presentes e que valorizam o trabalho em equipe se destacam. As startups mais admiráveis são aquelas que se preocuparam com a gestão de pessoas desde o início, investiram em programas de desenvolvimento, mentorias comportamentais e coaching para formar líderes capacitados.
Esse olhar atento à gestão de pessoas e desenvolvimento de liderança pode ser o diferencial para que a startup não se enquadre nos 25% de novos negócios que falham já no primeiro ano de operação, como revela pesquisa do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral.
É preciso que as lideranças dessas companhias desenvolvam habilidades, não apenas da equipe, mas também as próprias. E tenham clareza que o sucesso de qualquer empresa, inclusive startups, não é determinado unicamente por um serviço exclusivo ou produto inovador.
O desenvolvimento contínuo da liderança e a gestão de pessoas são fundamentais para que o crescimento acelerado seja sustentável.
(*) – É diretora de Negócios na Thomas International Brasil, a maior provedora de avaliações comportamentais do mundo (linkedin.com/in/valéria-pimenta).