195 views 4 mins

Demissões em massa nas big techs em 2023

em Mercado
terça-feira, 16 de maio de 2023

Pedro Signorelli (*)

Segundo levantamento da plataforma TrueUp, especializada em empregos, as big techs já demitiram cerca de 40 mil pessoas em 2023.

A soma dessas demissões em massa foi feita com base no comportamento de grandes empresas: Microsoft, Amazon, Google, Apple e Meta. Existem fatores que podem explicar o cenário negativo da situação atual em que o mercado se encontra, como inflação, redução de publicidade e excesso de contratações.

Um grande problema enfrentado pelas big techs atualmente é o preço do sucesso. Pode não parecer, mas muitas vezes, essa pressão por atingir bons resultados e também para estar no primeiro lugar, afeta bastante a capacidade de inovação dessas empresas. São vistas como inovadoras e quebradoras de paradigmas, porém, manter esse comportamento “para sempre” não é nada fácil.

Para exemplificar, pergunto: quantos projetos a Amazon não matou e precisou encontrar outros de magnitude para seguir com o crescimento? O Facebook apostou no Metaverso e foi um fracasso. Qual foi a última grande inovação do Google? O custo da reunião no Meets? Já a Microsoft passou a perna em todo mundo, lançando o Chat GPT. Quem dava um tostão para a Microsoft nos últimos anos?

Será que diante deste cenário, os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) – podem ser uma ferramenta para ajudar estas empresas? Podem! Mas Pedro, estas gigantes e mesmo as empresas menores, já utilizam OKRs, não me venha com essa. Sim, é verdade! No entanto, é preciso implementar abordagens diferentes para que os OKRs consigam ajudar de maneira específica a cada uma delas.

O Google mudou a cadência dos OKRs para semestral. Não me parece bom! Ciclos menores, de três meses, num mundo globalizado onde tudo pode mudar num piscar de olhos, me parece mais real. Para as grandes, os problemas podem passar pela complacência dos colaboradores com uma situação confortável pelo tamanho. O espírito inovador já se foi.

Agora a pressão dos investidores e do mercado por retorno é enorme. Além disso, o crescimento da quantidade de canais de comunicação tornou o processo de construção dos OKRs complexo. Antes você levantava a cabeça e falava com o CEO, agora recebe um e-mail com as prioridades do próximo ciclo. Já do lado das startups no Brasil e no mundo, os desafios são outros.

É preciso ter mais discernimento da gestão e capacidade de atuação rápida no curto prazo. O sistema de gestão com os OKRs deve olhar o negócio como um todo e não só o produto. Assim, é possível ter mais controle da situação, podendo tomar decisões melhores e mais rápidas, fazendo pequenos ajustes em ciclos curtos, conseguindo evitar as demissões em massa que temos presenciado.

É importante ressaltar que em alguns casos, implementar essa gestão, bem mais assertiva, pode gerar oportunidades de realocação de pessoal ou até novas contratações. As empresas maiores estão conseguindo contratar, pois têm um fluxo de caixa mais previsível e até estável. Isso permite que façam investimentos de longo prazo, também aproveitando as pessoas que foram desligadas das startups.

(*) – É um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs (http://www.gestaopragmatica.com.br/)