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Na cooperativa, o associado não é cliente, é gente

em Negócios
quarta-feira, 29 de março de 2023

Adriano Henrique Coelho (*)

As cooperativas de crédito estão em franca expansão no Brasil, o que é um fato a ser comemorado. Segundo os últimos dados do Anuário Coop, de 2022, havia 4.880 cooperativas de crédito registradas no país, número que hoje já foi ultrapassado. Em Rondônia, por exemplo, são 69 entidades. Inclusive, está em plena realização o censo sobre as cooperativas em funcionamento, que deve confirmar o movimento de crescimento.

Mesmo com números expressivos, é importante destacarmos que as cooperativas não são bancos, mas ofertam produtos semelhantes como linhas de crédito, com valores sociais diferentes. Um deles é que a relação da pessoa com a entidade é muito mais ampla do que o aspecto comercial. O cooperativismo é fruto de uma articulação social e econômica que se sustenta na relação entre os cooperados.
Essa cooperação se baseia na participação dos associados nas atividades administrativas e econômicas que visam atingir o bem comum e promover uma ligação entre todos.

Enquanto os bancos são focados estritamente na relação comercial, as cooperativas são regidas por princípios que se conectam às diversas economias regionais. Ou seja, geram impacto local. Os principais destaques dessas organizações são a adesão livre e voluntária, gestão democrática entre os associados e participação econômica – princípio que faz toda a diferença nas comunidades.

As cooperativas de crédito integram um sistema financeiro nacional que apresenta ao seu público produtos financeiros muitas vezes inacessíveis nos grandes bancos, seja por conta da burocracia ou pela alta taxa de juros. Nessa linha, há grande vantagem para quem deseja ter acesso a financiamento, empréstimo ou diversos outros produtos de forma mais fácil e personalizada.

Outro diferencial é que quem faz parte da cooperativa, de certa forma, é “dono” do investimento, ao colocar um capital como cota que gerará resultados compartilhados. Ou seja, os “lucros” são disponibilizados aos associados de forma dividida na proporção das cotas investidas. E essa é a maior vantagem em relação aos bancos.

Outro benefício é o relacionamento com o gerente e os contatos que a própria organização propicia.

Na instituição, o associado não é um mero cliente: é alguém próximo, que recebe um tratamento essencialmente humanizado, com acesso direto ao gerente, por exemplo, e participa de assembleias, decidindo sobre os rumos da cooperativa. Essa abordagem é única e personalizada para quem quer um investimento financeiro diferenciado e que tem uma projeção de futuro maior.

(*) – É advogado-sócio e coordenador do Núcleo de Recuperação de Crédito do Machiavelli, Bonfá e Totino Advogados, especialista em Direito Bancário (https://mbtadvocacia.com.br/).