Carolina Alencar (*)
A Tax Transformation, transformação digital na área tributária e fiscal, pode ser dividida didaticamente em duas principais fases: digitalização de dados e extração de valor desses dados.
A primeira fase, que é a digitalização, consiste puramente em colocar processos manuais em meios digitais e automatizá-los. A digitalização proporciona a captação e armazenamento de grandes volumes e variedades de dados.
A segunda fase consiste em conseguir extrair valor dos dados digitalizados. Saber lidar e gerar valor com dados é a base da cultura Data Driven. Ser Data Driven é tratar de dados brutos e utilizá-los para extrair conhecimento e insights que consistirão na tomada de decisão e ações.
. Evolução do processo – Extrair valor de dados não é algo novo, profissionais e empresários sempre se baseiam neles para tomar suas decisões. O que mudou agora é a quantidade que temos disponíveis para análise. Grandes e complexas bases de dados, como Big Data Fiscal, exigem ferramentas e competências completamente diferentes das utilizadas para a análise de um baixo volume de dados.
Matemática e Estatística, Ciência da Computação e conhecimento do negócio e da legislação tributária aplicável, são as competências-chave exigidas dos profissionais que lidam com o Big Data Fiscal. O papel da liderança também muda drasticamente. Em uma cultura Data Driven, o líder não é mais aquele profissional que traz todas as respostas. E sim, quem faz as perguntas certas para que os dados respondam! A cada resposta dada, ele elabora perguntas mais acertadas e vai “pivotando” o negócio.
. Formas de capacitar – A cultura Data Driven aplicada às áreas e operações afetadas pelos impostos exige, portanto, uma grande quantidade e variedade de dados disponíveis, pessoas capacitadas para lidar com esse Big Data Fiscal e um novo perfil de liderança. Lidar com o Big Data Fiscal é saber ler, trabalhar, analisar e discutir os dados. Fazer a pergunta certa e entender as respostas. Realizar análise crítica e ter curiosidade!
Além de novas competências e mudança de mindset da liderança, ter acesso fácil e rápido a dados atualizados pode ser um grande desafio para a cultura Data Driven. A dependência de profissionais especializados para o simples acesso ao dado bruto congestiona o processo de análise e geração de valor.
Algumas empresas, como por exemplo, aplicativos de delivery, já se atentaram a isso e desenvolveram formas de facilitarem aos profissionais das áreas de negócio o acesso esperado aos dados necessários. Para isso, focaram em capacitação e ferramentas de Business Intelligence – BI.
. Consolidação do processo – Muito se especula sobre a transformação digital e longas jornadas são iniciadas em caminhos ainda nebulosos. Mas se pudermos simplificar, a Tax Transformation somente se consolida após a execução dessas duas fases: a digitalização dos dados e processos, e a implementação de uma cultura Tax Data Driven.
Para facilitar, parte do Big Data fiscal já está disponível na maior parte das empresas, em função das obrigações acessórias entregues ao governo. O que poderia ser tão somente um custo para área tributária, pode ser transformado em oportunidades para o negócio. A diferença está na implementação de uma cultura Tax Data Driven, no investimento em capacitação e nas ferramentas corretas para extrair valor do Big Data Fiscal.
(*) – É Advogada, Contadora e Head de Produtos da Nutax Digital (https://nutax.digital/)