Com apenas dois meses de ‘vida’ – foi lançado em novembro de 2022 – o ChatGPT já conseguiu agitar e até mesmo dividir a comunidade científica e o mundo da educação.
Vivaldo José Breternitz (*)
ChatGPT, uma inteligência artificial criada pela OpenAI, é capaz de criar textos, realizar cálculos matemáticos e até escrever software, com qualidade tão boa que engana até especialistas e examinadores mais exigentes.
No mundo acadêmico, há quem proponha proibir essa nova ferramenta e quem, por outro lado, diga que é inútil banir o ChatGPT das escolas e universidades e que ele deve ser usado nos processos de ensino e pesquisa.
Nos Estados Unidos, um trabalho final produzido pelo ChatGPT para um MBA – mestrado em administração de empresas – da Wharton School da University of Pennsylvania, uma das mais importantes universidades americanas, foi aprovado com grau “B”, um bom resultado.
O trabalho foi produzido no âmbito de um experimento conduzido pelo professor Christian Terwiesch, que concluiu que a tecnologia é capaz de “sintetizar as competências dos gestores e graduados em MBA em geral, incluindo futuros analistas e consultores”.
Mas o ChatGPT cometeu alguns erros que surpreenderam a equipe do Professor Terwiesch, especialmente em cálculos bastante simples – um estudante que tivesse elaborado um trabalho como esse dificilmente cometeria esses erros, especialmente se a revisão fosse bem feita.
Para os professores que desenvolveram o experimento, seus resultados devem alertar escolas e universidades, tornando necessário rever os processos de avaliação do material produzido por alunos, bem como trabalhar no sentido de que ferramentas desse tipo sejam utilizadas para ensino e pesquisa.
Há informes dando conta que experimentos similares concluíram que o ChatGPT teria sido aprovado nos exames da American Bar Association, uma espécie de OAB americana, além de ter obtido boas notas e escrito a redação do último Enem em 50 segundos.
É oportuno lembrar também que, muito recentemente, o CNET, um dos mais importantes portais americanos da área de tecnologia da informação, publicou textos produzidos pelo ChatGPT que continham erros gritantes – os leitores não haviam sido informados que os textos foram produzidos pela inteligência artificial.
A mídia também é uma área que deve se preocupar com o assunto, e, em breve, outras mais deverão sofrer impactos semelhantes.
(*) É doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.