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Um legado inspirador para o desenvolvimento da indústria

em Opinião
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Rafael Cervone (*)

Um dos maiores desafios brasileiros em 2023 é promover o fortalecimento e o reposicionamento da indústria.

Isso é fundamental para a retomada do crescimento econômico sustentado, geração de empregos em larga escala, agregação de valor à pauta de exportações e fomento da pesquisa e tecnologia. É o que consta, com ênfase, em documentos do CIESP e da FIESP entregues aos candidatos à presidência da República e ao Governo de SP antes das eleições de 2022.

O propósito é o de contribuir, com soluções concretas e viáveis, para que os novos governos consigam impulsionar o setor, em defesa do interesse de todos os brasileiros.

Foi com o mesmo objetivo de impulsionar a manufatura, no momento da primeira revolução industrial, que nasceu, em 1928, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP). A origem da entidade está intimamente ligada, dentre outros importantes nomes, ao empresário ítalo-brasileiro Francesco Matarazzo.

Em 2022, transcorreram 85 anos de sua morte, mas seu legado para o desenvolvimento da atividade segue muito vivo e inspirador. O conde Matarazzo construiu na cidade de São Paulo o maior complexo industrial da América Latina no início do Século 20, que impulsionou a economia nacional. Ele também foi o idealizador e um dos fundadores do CIESP e primeiro presidente estatutário, tendo como vice Roberto Simonsen. A entidade representou uma grande mudança no processo de industrialização do Brasil.

Além de formalizar propostas de políticas públicas, como fizemos nas eleições do ano passado, modernizou métodos e modelos que se tornavam anacrônicos. Uma das demandas iniciais era capitalizar as oportunidades surgidas com a 1ª Grande Guerra (1914-1918), que havia gerado imensas dificuldades de importação, abrindo espaço para a produção fabril interna.

O CIESP contribuiu para a transformação, aumento da produtividade e multiplicação do número de indústrias. A mobilização da entidade também foi marcante no enfrentamento da grande crise de 1929, provocada pelo crash da Bolsa dos Estados Unidos, e o golpe de Estado de 1930, no Brasil, com o início do primeiro governo de Getúlio Vargas.

Sob quaisquer circunstâncias, a partir da fundação do CIESP, a indústria paulista passou a defender a produção e o empreendedorismo de maneira autônoma. É o que seguimos fazendo, com muita força e determinação, com olhar no futuro, foco no dinâmico e imprevisível presente, e aprendizado com a memória do conde Matarazzo e de todos os precursores de nossa entidade.

Novamente, nos deparamos com crises globais e locais, como as sequelas da pandemia, o cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia, cadeias de fornecimento desestruturadas, grandes incertezas na China, baixo crescimento do PIB nacional e um ambiente político interno que precisa ser pacificado.

Temos convicção de que, como no início do século passado, a indústria, agora no auge da quarta revolução industrial, poderá contribuir de modo expressivo para o fomento econômico, inclusão, geração de renda e mais bem-estar dos brasileiros. Com a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o setor atua em educação (formal e profissional), saúde, cultura, esporte e lazer, em efetiva contribuição que transcende os trabalhadores do setor.

A história das entidades representativas do setor e o legado de seus precursores, como Francesco Matarazzo, mostram que essas metas são muito possíveis. Com certeza, faremos nossa parte e estaremos sempre mobilizados no âmbito desses objetivos.

(*) – Engenheiro e empresário, é presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).