Algumas marcas, pela sua popularidade, acabam se tornando sinônimo de um dado produto: Gilette se transformou em sinônimo de lâmina de barbear, Durex passou a designar fita adesiva etc.
Vivaldo José Breternitz (*)
Algo semelhante aconteceu com os óculos Ray-Ban, que se transformaram em sinônimo de óculos para sol. Os Ray-Ban surgiram na década de 1920, na esteira do rápido crescimento da aviação.
Os pilotos sofriam com a intensa claridade acima das nuvens, que ofuscava os olhos e causava distorções visuais, agravadas pelos raios ultravioleta (UV) e infravermelho (IR); em função disso, John MacCready, um general da Força Aérea dos Estados Unidos, fez um pedido à Bausch & Lomb, empresa óptica americana fundada em 1849 por J.J. Bausch e H. Lomb: pesquisar uma proteção ocular para os seus pilotos.
A empresa, depois de dez anos de trabalho intenso, apresentou os óculos Anti-Glare Aviator, munidos de lentes verdes de cristal com tecnologia que bloqueava um alto percentual da luz visível e também dos raios UV e IR.
Esses óculos rapidamente passaram a fazer parte dos acessórios básicos dos militares americanos, mas somente em 1937 a novidade ganhou o nome de Ray-Ban e começou a ser comercializada em sua versão civil, batizada de Ray-Ban Aviator, com lentes verde-escuras e armação dourada. Os óculos foram batizados com esse nome, pois reduziam a incidência de raios UV e IR, ou seja, baniam os raios – em inglês Ray-Banner.
O sucesso foi instantâneo: a propaganda associava os óculos aos homens com estilo esportivo, amantes da vida ao ar livre, de força e coragem – é icônica a imagem do General MacArthur desembarcando nas Filipinas em 1944 (de onde saíra fugindo dos japoneses em 1942), usando um Ray-Ban. Muitas mulheres passaram a usá-los, o que levou ao lançamento de modelos femininos, tão bem-sucedidos quanto os masculinos.
Novas coleções foram sendo lançadas, sendo uma data notável 1951, quando a pedido da Marinha dos Estados Unidos, a empresa desenvolveu as lentes cinza N-15; em 1952 a empresa lançou um de seus modelos de maior sucesso: o Wayfarer, que se tornou popular especialmente após ter sido usado pela atriz Audrey Hepburn, em 1961 no clássico filme “A Bonequinha de Luxo” – nos últimos anos esse modelo ganhou ainda mais popularidade.
A marca seguiu uma trajetória de sucesso, embora razões estratégicas tenham levado à sua venda, 1999, para a empresa italiana Luxottica por US$ 640 milhões. A Luxottica vende cerca de 15 bilhões de euros ao ano, tem 140 mil funcionários e é gerida a partir de Milão. Fundada em 1961, é a maior fabricante mundial de óculos, sendo também proprietária de empresas comerciais, como a brasileira Óticas Carol.
Ray-Ban é uma das grifes mais falsificadas em todo o mundo, o que comprova sua popularidade.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.