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Tecnologias para o governo: 2023 será o ano das govtechs

em Destaques
quarta-feira, 16 de novembro de 2022

As startups govtech, que têm como propósito oferecer soluções tecnológicas para melhorar a gestão pública, são essenciais para aumentar a eficiência e estreitar o relacionamento entre governos e cidadãos. Esse ecossistema ainda está em sua infância, mas tem grande potencial de crescimento.

A pandemia foi um dos fatores que acelerou fortemente a migração da gestão pública para o ambiente digital. O mercado ainda pouco explorado das govtechs na América Latina, principalmente se comparado aos Estados Unidos e Europa, também favorece um crescimento exponencial.

Para o CEO do BrazilLab, Guilherme Dominguez, não restam dúvidas de que 2023 será o ano das govtechs no país. Segundo ele, as principais barreiras que retardavam essa escalada foram derrubadas, principalmente com relação à legislação. Estão em vigor três leis que tornam favorável o ambiente regulatório para contratação de inovação pelo governo, reforçando a convicção de que o próximo ano deve ser ainda mais positivo.

“A Lei do Governo Digital, a Nova Lei de Licitações e o Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador – o que chamo de novo tripé regulatório em govtech no Brasil – quebraram as barreiras tocantes à legislação”, destaca Dominguez. O estudo do BrazilLab em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) “As startups Govtech e o futuro do governo no Brasil”, revela que o Brasil é o país da América Latina com o maior número de startups govtech vendendo para o governo.

Atualmente, 80 govtechs brasileiras vendem de maneira consistente para governos ou atuam em parcerias com o setor público de forma recorrente. Mas o mesmo relatório aponta que esse é um mercado subaproveitado. Das 13 mil startups existentes no país, até 1.500 teriam potencial para atuação no mercado Business to Government (B2G), caso desejassem ofertar suas soluções tecnológicas para os governos.

. Cheques de sete dígitos – Prestes a atingir um valuation de US$ 1 trilha~o ate´ 2025, segundo dados da consultoria inglesa Public, o mercado govtech pode se tornar um dos setores digitais mais importantes da economia global, se não o mais importante, criando novos e melhores serviços públicos. Ao menos no que depender dos investimentos, 2023 deve se concretizar como o ano das govtechs graças aos dígitos a mais nos cheques de investidores.

A mudança drástica no valor das rodadas de investimentos coloca as govtechs em evidência. “O investimento médio inicial das govtechs era em torno de R$ 200 mil. Hoje, ver startups desse segmento anunciando rodadas de captação superiores a R$ 1 milhão reforça a expectativa para 2023”, comenta Dominguez.

É o caso do Aprova Digital. Fundada em 2017, quando a expressão govtech ainda começava a se difundir pelo mundo, a empresa cresceu 165% no ano e se consolidou como uma das três principais startups do segmento no país.

Com mais de 70 funcionários, o Aprova Digital facilita a emissão de documentos, realiza o controle de arquivos e monitora a gestão dos processos de governos municipais. É a ferramenta oficial para tramitação de processos digitais em mais de 70 prefeituras.

Depois do aporte Seed de R$ 4 milhões realizado pela Astella Investimentos, a govtech multiplicou o faturamento por três, atingindo o breakeven em 2021, sendo considerada a segunda maior arrecadação de fundos para investimentos da América Latina entre as startups da Crunchbase.

“Nosso objetivo é transformar a Latam em um continente digital, referência global em serviços públicos autônomos e eficientes nos próximos dez anos”, ressalta Zanatta.

O empreendedor atribui a confiança às estratégias sempre constantes na operação do negócio, como o cuidado com o fluxo de caixa e a atenção aos indicadores operacionais e de sucesso, considerados critérios atrativos para investidores.

“A previsão é triplicar novamente o faturamento em 2023 com uma nova rodada de investimento. Em um ano de layoffs no mercado de tecnologia, seguimos no ritmo de crescimento e até o fim do ano devemos dobrar o time para ampliar o atendimento em novas regiões do país”, complementa.

. Um negócio com potencial de retorno acima da média – O potencial do mercado govtech e a expansão da digitalização dos serviços públicos estão na mira dos investidores. Eles acreditam que o retorno desse ecossistema pode ser melhor do que em outros tipos de investimentos.

“A gente realmente está bastante convicto que do lado econômico esse setor pode dar tantos retornos e até maiores do que outros setores que a gente tem investido e não só na média”. A afirmação é do empresário Marcelo Sato, sócio da Astella Investimentos, listada pela parisiense Leaders League entre os melhores fundos de venture capital do Brasil no ranking de 2022.

A investidora está levantando seu quinto fundo, no valor de R$ 750 milhões, 50% acima da rodada anterior. Isso coloca a Astella num patamar de top quartile de fundos em capacidade de alocação. Parte desse fundo deve ser direcionado para investimentos em govtechs.

“Passamos dois anos estudando o mercado antes de investir nesse segmento e nunca pensamos que seria um investimento mediano. Esse ecossistema realmente tem a capacidade de ser algo explosivo, principalmente por conta das oportunidades que existem num setor bastante desassistido”, conta Sato.

Com 25 anos de experiência em pequenas e médias empresas e corporações de alto nível, Marcelo Sato é sócio do conselho de empresas como Bornlogic, BossaBox e Aprova Digital. – Fonte e outras informações: (https://brazillab.org.br/).