Durante anos, os japoneses consumiram avidamente os gadgets que chegavam ao mercado, inclusive smartphones sofisticados, como os iPhones.
Vivaldo José Breternitz (*)
Mas agora, a queda da moeda japonesa para o menor nível em 32 anos, colocou os iPhones novos fora do alcance de muitos e gerou aumento nos negócios com aparelhos de segunda mão, embora os japoneses não sejam adeptos desse tipo de transação.
Como consequência da desvalorização do ien, em julho, a Apple aumentou o preço do iPhone 13 básico no Japão em quase 20%. Logo a seguir, o iPhone 14 básico chegou ao mercado custando 20% a mais do que o iPhone 13, mesmo com o preço nos Estados Unidos tendo permanecido estável. Esses aumentos de preços podem prejudicar o market share dos iPhones no país, hoje estimado em 50%.
Mesmo após os aumentos de preços, o iPhone 14 vendido no Japão é um dos mais baratos do mundo em função dos baixos impostos vigentes no país para esses aparelhos; porém, se o ien continuar caindo frente ao dólar, novos aumentos de preços devem ocorrer e mais consumidores deixarão de adquirir esses aparelhos novos.
Apesar do cenário não ser favorável à Apple, o maior consumo de equipamentos usados pode ser saudável para o meio ambiente, ao diminuir o consumo de energia e de materiais destinados à fabricação de equipamentos novos; também diminuem os problemas relativos ao descarte dos aparelhos usados.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.