Alessandro Saade (*)
Gostosuras ou travessuras!
Essa foi a tradução encontrada para o nosso contato com a tradição da cultura norte-americana de crianças visitarem as casas pedindo doces na época do Halloween.
Alguns podem levantar a bandeira da submissão ao colonialismo, outros podem trazer a capacidade da cultura brasileira de incorporar novos hábitos.
Não quero criar polêmica mas sim trazer um fato que percebo em nossa cultura:
Somos curiosos e acolhedores. E se isso é bom ou ruim, positivo ou negativo, uma vantagem ou ameaça, você que vai dizer.
Muitas vezes ao absorvermos a cultura, conceitos, expressões, itens do folclore de outros países, não fazemos uma tradução ou ajuste, como acontece por exemplo, em Portugal. Aqui mantemos a expressão na língua original com que tivemos o primeiro contato com aquela informação.
Será que no passado tínhamos o nosso dia das bruxas? O dia do Saci pererê, da mula sem cabeça, ou do curupira?
Ou ainda, será que em vez de termos contato com o folclore de outros países, não poderíamos nos inspirar e criar a nossa própria tradição?
São perguntas que não tem uma resposta única, muito menos uma resposta mais certa que a outra.
Um caminho natural que absorvemos da cultura americana foi a mercantilização da cultura. Pegamos um fato e o convertemos num gatilho para consumo. Não vejo isso como ruim, desde que seja usado de maneira coerente. Em outro artigo já havia comentado sobre a criação ou apropriação de datas comemorativas pelo varejo que acabamos absorvendo do nosso dia-a-dia, como o dia dos pais, dia das mães, dia das crianças e até o próprio Natal.
Apenas para ilustrar, o dia das mães movimentou mais de 25 bilhões de reais. Isso mesmo: bilhões, numa data que antes seria mais um fim de semana. Já o Natal representou um faturamento superior a 55 bilhões de reais no ano passado. E a mais recente foi a Black Friday, bem distante da nossa cultura, mas que soma mais 5 bilhões ao volume anual negociado pelo varejo.
Sob a ótica do empreendedorismo, vale destacar que uma habilidade muito valorizada é a capacidade do empreendedor de identificar uma oportunidade ao se defrontar com características e hábitos relacionados a cultura seja do seu país, do seu estado, da sua cidade, ou mesmo do seu bairro. A apropriação, no bom sentido, da cultura local, gera muito mais conexão entre a marca da empresa e aquela comunidade e melhora a experiência de consumo.
Trazendo a análise para um recorte micro, do bairro, conexões com a cultura local podem gerar ótimos resultados. Mas é uma construção lenta e contínua, como toda estruturação de relacionamento e cultura.
Use como pilar os Cinco Ps dos Empreendedores Compulsivos:
Propósito,
Planejamento,
Processo,
Prudência,
Paciência.
E você, o que tem feito para gerar conexão e recorrência entre seu negócio e seus clientes?
(*) Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.