A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 2,1% no mês de outubro, o nono crescimento consecutivo na série com ajuste sazonal. Com isso, a ICF, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), alcançou 87 pontos. Apesar de ainda permanecer abaixo dos 100 pontos, na zona de insatisfação, o índice está em trajetória ascendente e cresceu 18,9% em relação a outubro de 2021, a maior taxa da história do indicador.
Nesse sentido, se destacou a percepção sobre o nível de consumo atual que atingiu aumento de 4,1%, maior alta entre todos os indicadores da ICF. “O resultado positivo de outubro é produto da combinação da deflação com crescimento do emprego formal, das transferências de renda e da facilitação da contratação de crédito”, pontua o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Mais sensíveis às variações da inflação, as famílias com renda de até 10 salários mínimos apontaram o maior aumento da intenção de consumir, tanto no mês quanto no ano.
A intenção de consumo avançou menos para as famílias que ganham mais de 10 salários mínimos, mas o índice em 104 pontos revela maior satisfação desse grupo do que entre os consumidores de menor renda. A economista da CNC responsável pela ICF, Izis Ferreira, explica que a melhora da avaliação da renda é resultado do recuo recente na inflação, que pesa mais sobre as famílias com vencimentos menores. “Apesar dessas reduções, a maior contribuição para a alta do IPCA no ano foi do grupo de alimentos e bebidas, um dos itens mais representativos nos orçamentos das famílias de renda baixa”.
Consumidor de alta renda tem perspectiva de consumir mais no curto prazo. A perspectiva de consumir nos próximos meses avançou 2,5% em outubro, mas subiu 3,5% entre as famílias consideradas mais ricas, enquanto para o conjunto de menor renda o aumento foi de 2,2%. Embora o indicador tenha crescido para os dois grupos, ambos ainda estão na zona de insatisfação. “A inflação, mesmo em queda, ainda dificulta o consumo, e o maior nível de endividamento das famílias também reduz a capacidade futura de compras, especialmente das famílias de rendas média e baixa”, aponta a economista Izis Ferreira (Gecom/CNC).