Bruno Rondani (*)
Os critérios para seleção de quem é elegível têm como fundamento identificar colaboradores-chave.
Para reter talentos e atrair novos colaboradores, o stock option plan vem sendo pauta constante entre as comunidades de empreendedores, que formam uma rede de incentivo para a regulamentação desse sistema no Brasil e buscam alavancar seus negócios utilizando o partnerships.
De forma prática, o plano de stock option é quando a empresa separa uma quantidade de suas ações — chamado de “pool” -, que poderá ser comprada pelos colaboradores que se enquadrarem em certos requisitos (definidos previamente), permitindo que eles se beneficiem financeiramente da valorização da companhia com o passar do tempo.
O primeiro passo para realizar um stock option plan é questionar-se: qual o principal objetivo que você quer conquistar para a sua startup? Analisar profundamente qual é a realidade da sua empresa e o que ela visa alcançar ao oferecer cotas/ações aos colaboradores é de suma importância para que o plano seja executado de forma satisfatória.
Não deixar a governança de lado fará toda a diferença. Garantir que o time de fundadores assine o “founder vesting”, um acordo entre os sócios, com o objetivo de assegurar o Cap Table da startup, é um dever para que você tenha apoio durante a jornada de implementação, não apenas do stock option, mas também de outras frentes de crescimento da startup. Por isso, é indicado envolver sócios e investidores logo no início da idealização do plano e garantir que todos trabalharão alinhados.
O segundo passo é ter uma visão de quais pessoas serão beneficiadas com o stock option e quais os critérios para ganhar as ações. Esse passo exige cautela, uma vez que os modelos de partnership não são para qualquer funcionário.
Os critérios para seleção de quem é elegível têm como fundamento identificar colaboradores-chave, ou seja, aqueles que contribuem fortemente para a cultura da empresa e que estão alinhados (e movidos) pelo propósito no longo prazo. E qual a contrapartida ofertada? Neste caso, eles se beneficiarão financeiramente por acreditarem e contribuírem, via entregas de alto impacto, com o crescimento da startup.
Em relação ao percentual de ações adequado para este propósito, deve-se levar em conta o estágio da startup (stage finance) e a importância dessa estratégia para os acionistas. Inicialmente, costuma ser em torno de 10%, mas, com o tempo, gira em torno de 15% a 20% para startups early stage, podendo passar de 25% em alguns casos. A cada round, novas discussões acontecem e sempre existe a possibilidade de modificar este percentual para refletir as intenções estratégicas de longo prazo.
Como evitar problemas tributários e trabalhistas? Ao chegar à fase de evolução do planejamento, é importante envolver o jurídico, além de advogados especialistas no tema, principalmente aqueles que já estiveram à frente de ações relacionadas ao venture capital e consultoria para levantamento de fundos, por exemplo. Importante também incluir o financeiro da startup, além de garantir que os sócios e investidores estejam na mesma página, alinhados à construção do plano.
Devido à falta de regulamentação, as incertezas e os detalhes sobre o papel do funcionário ao receber cotas/ações, por exemplo, o que ocorre com os funcionários demitidos sem justa causa durante o período de carência, contribuições e o caráter trabalhista também são pontos de atenção e requerem a construção de cláusulas bem definidas que vão assegurar às partes envolvidas.
Tanto o stock option quanto outros modelos de partnership refletem maturidade e preparo para crescimento — pontos que serão avaliados fortemente em rodadas de investimento. A lição de casa é trabalhar a comunicação e a transparência com os envolvidos nos modelos de participação, demonstrar o quanto a startup almeja crescer e ter uma cultura sólida, pautada na valorização das pessoas. Esses são os grandes ativos profissionais que importam para o sucesso de qualquer negócio.
(*) – É CEO e fundador da 100 Open Startups (https://www.openstartups.net/site/).