Nos últimos anos, testemunhamos um movimento acelerado de empresas de todos os tipos e segmentos migrando seus ambientes tecnológicos (workloads) para a nuvem. Até então vista principalmente como sinônimo de agilidade e flexibilidade, a nuvem foi rapidamente alçada a um recurso fundamental para organizações inovarem e serem mais competitivas. Quem não estava na nuvem chegou até a ser vista como uma empresa atrasada, enquanto quem fazia uso dela recebeu o status de inovadora e atenta às tendências. A pandemia e a necessidade das organizações continuarem operando mesmo com os colaboradores em modelo remoto, junto da falta de chipsets para montagem de equipamentos, contribuíram ainda mais para essa “pressão” do mercado. No entanto, essa migração desenfreada, com a criação de áreas de shadow IT (aquelas que fogem do compliance da área de TI) – feita, muitas vezes, sem uma análise mais profunda do que deve ou não ser movido para uma das diversas opções de nuvem – teve como principais consequências o estouro da conta e falhas graves de segurança, amplamente divulgadas na mídia. Diante desse cenário, é hora de voltar?
Antes de responder essa pergunta é importante entender o cenário em que estamos inseridos hoje. Segundo estudos da IDC, 70% das empresas de médio e grande porte, no Brasil, utilizarão ambientes híbridos. 97% já usam algum modelo de nuvem e tendem a manter ou aumentar o volume de workloads. 87% afirmam que têm e manterão um datacenter próprio ou terceirizado. Ainda em 2022, 41% do gasto em TI vai migrar do tradicional para a cloud pública, e 51% até 2025, o que demonstra um crescimento acelerado para nuvens públicas. Todos esses dados mostram um aumento elevado em todos os aspectos e um nível de maturidade distinto entre as empresas, impondo desafios diferentes para cada uma delas.
Anos atrás, quando essa migração para a nuvem ganhou velocidade, a maior parte das empresas adotou o modelo de migração conhecido como lift and shift que, resumidamente, consiste em levar as aplicações do jeito que estão (as is) no datacenter local (on-premisse) para a nuvem, sem fazer nenhuma adaptação (tecnologicamente chamada de “modernização”). Hoje está mais evidente que essas aplicações – que não foram adaptadas – consomem, em nuvem, a mesma quantidade de recursos computacionais (processamento, armazenamento e memória) que naquele servidor antigo, tornando-as “mais caras”, afinal, quanto mais se exige da nuvem, maior é o seu custo. Soma-se a isso eventuais “displicências” de máquinas ligadas sem uso, resultando em contas não planejadas previamente.
Atualmente, grande parte dessas empresas estão vendo a conta subir à medida que o volume de dados, workloads e infraestrutura cresce com a digitalização das operações. A tendência – caso essas organizações mantenham essa estratégia inicial – é que os custos continuem crescendo, já que os negócios dependem cada vez mais de uma grande quantidade de informações para tomada de decisões mais rápidas e assertivas, melhor experiência do usuário etc.
Mesmo diante de todos esses fatores, a resposta à pergunta inicial que norteia este artigo é: não, não é hora de voltar da nuvem, mas de reavaliar a estratégia de adoção, analisando o que deve ficar em ambiente local e o que ir para a nuvem, e desenvolver mecanismos de controle de custo a partir de práticas de FinOps e políticas de segurança e governança. Tão importante quanto esses elementos é mapear cada aplicação e determinar onde ela se desempenha melhor, se em ambiente local ou em nuvem, do ponto de vista de performance, segurança e custo. São por esses motivos que, como demonstra a IDC, 61% das empresas querem uma abordagem consultiva e independente para auxiliá-las nesse processo.
A consultoria visa justamente auxiliar essas organizações que ainda estão definindo sua abordagem inicial de ir para a nuvem assim como as que não conseguiram operar esse ambiente de maneira ágil, segura e econômica. O serviço tem o objetivo de facilitar, agilizar e levar mais transparência a todo o processo de migração para a nuvem, em que é definido todo o planejamento e a jornada para a nuvem híbrida. Pode-se ainda desenhar o escopo de servidores e máquinas virtuais a serem migradas para nuvem, fazer toda a estruturação do business case, configuração de contas, controle de acessos, gestão de políticas diversas e muito mais.
Entender o ambiente tecnológico do usuário e definir quais aplicações e como elas devem ser levadas para a nuvem, ou eventualmente permanecer no datacenter “dentro de casa”, em busca da melhor performance-custo-segurança, são algumas das vantagens de buscar um parceiro tecnológico com profundo conhecimento em ambientes híbridos, usando o melhor que cada um oferece de cada lado (público ou privado).
(Fonte: Walter Kämpfe é Sr. Sales Director, Cloud na NTT Ltd.)