Vivaldo José Breternitz (*)
Os Estados Unidos estão impondo novas restrições à exportação de chips avançados necessários ao processamento de aplicações de inteligência artificial. Essas restrições atingem vendas que seriam feitas à China e à Rússia.
No que se refere à Rússia, as novas restrições parecem ser consequência do ataque do país à Ucrânia. Quanto à China, as preocupações parecem ser mais amplas, especialmente no que se refere à sua capacidade de fabricar e usar chips poderosos, pois a administração de Biden implementou também novas regras que podem bloquear a exportação de software de design de chips mais avançados, voltados ao processamento de aplicações de inteligência artificial.
O Departamento de Comércio americano disse estar adotando uma abordagem abrangente em termos de tecnologias, usos, usuários finais, segurança nacional e interesses da política externa do país, visando combater a modernização das forças armadas chinesas e abusos de direitos humanos praticados pela China.
As principais empresas atingidas pelas proibições foram a Nvidia e a AMD, que terão mais dificuldades para exportar suas linhas de GPUs avançadas.
A China representa uma parcela significativa dos negócios da Nvidia, que em função das novas regras pode perder vendas de até US$ 400 milhões neste trimestre; a empresa disse estar trabalhando com clientes chineses para minimizar essas perdas e não prejudicar os usuários de seus produtos. Já a AMD, vende à China muito menos chips atingidos pelas restrições e não acredita que a perda de negócios tenha um efeito sensível em suas receitas.
O governo chines já protestou, dizendo que esse conjunto de medidas prejudica direitos e interesses legítimos das empresas chinesas e a estabilidade das cadeias de suprimento globais.
São mais passos rumo ao que poderíamos chamar “desglobalização”.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas