Há tempos ouvimos notícias acerca do iminente início de serviços de entregas feitas por drones, os quais, por diversas razões ainda não são comuns, apesar de testes feitos por empresas como Amazon e FedEx.
Vivaldo José Breternitz (*)
Esses serviços seriam especialmente interessantes para mais agilidade na chamada last mile, ou última milha, como se denomina o trecho, geralmente curto, que liga centros de distribuição às residências dos compradores.
Agora, estudos divulgados pela revista Nature dão conta de que o uso de drones na last mile pode ser uma alternativa melhor, também do ponto de vista ecológico, do que o uso de meios de transporte convencionais – nos Estados Unidos, veículos de carga são responsáveis por mais de um terço das emissões de gases de efeito estufa emitidos em serviços de transporte.
Esses estudos concluíram que as emissões de gases de efeito estufa, por pacote entregue, foram 84% menores com o uso de drones do que quando feitos por veículos diesel; os drones também consumiram até 94% menos energia por pacote do que os caminhões.
O interesse pelo uso de drones cresceu ainda mais durante a pandemia, tendo uma pesquisa realizada em meados de 2020 descoberto que mais de 60% das pessoas estariam dispostas a pagar mais para que seus pacotes fossem entregues por robôs. Isso deveu-se ao desejo de evitar a infecção, mas também ao fato de que a entrega por drones provavelmente seria mais rápida que as feitas por vans e caminhões.
Os resultados dos estudos mostraram também que a pegada ambiental de um drone depende, em parte, de onde suas baterias são carregadas: no meio-oeste dos Estados Unidos, por exemplo, a geração de eletricidade produz mais carbono do que em Nova York.
Mas, independentemente da região, os drones têm um impacto ambiental muito menor do que os caminhões a diesel e elétricos quando se trata de transportar pequenos pacotes: as emissões de gases de efeito estufa dos drones por quilômetro são aproximadamente 2% das de um caminhão médio movido a diesel ou a eletricidade. O estudo também descobriu que as bicicletas elétricas consumem menos energia por pacote do que os drones.
De qualquer forma, as pesquisas sugerem que a mudança para drones pode fornecer uma abordagem muito eficiente e sustentável para entregas na última milha, o que pode ser um incentivo a mais para seu uso.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.