Talvez em função de uma acurada visão de longo prazo, talvez estimulada pela falta de chips acontecida durante a pandemia, talvez em função dos estímulos financeiros propostos pelo governo Biden, ou talvez em função da combinação de todos esses fatores, a Intel está construindo o que afirma será o maior complexo de fabricação de chips e material similar de todo mundo, a um custo de US$ 20 bilhões.
Vivaldo José Breternitz (*)
O complexo está sendo erguido em Ohio, e segundo a agência de notícias Associated Press, as obras exigirão sete mil trabalhadores. No entanto, a escassez de pessoal que afeta a indústria da construção civil pode dificultar o recrutamento dos trabalhadores necessários, ao mesmo tempo em que prejudicará o ritmo de construção de residências na área, destinadas à força de trabalho que as instalações da Intel atrairão.
O projeto foi anunciado pela empresa em janeiro e as obras devem ser iniciadas no final de 2022; inicialmente serão duas fábricas, ocupando uma área de cerca de 400 hectares e empregando três mil pessoas. Em um segundo momento, mais US$ 100 bilhões serão investidos, dobrando a área ocupada, que passará a abrigar oito fábricas. A produção de chips em escala comercial deve começar em 2025.
Ainda segundo a Associated Press, a construção não exigirá a presença de todos os sete mil trabalhadores ao mesmo tempo, mas esse número pode ser apenas uma fração do pessoal necessário à construção das estruturas que cercarão as fábricas, dentre os quais um parque empresarial que ocupará uma área de cerca de 200 hectares, a ser ocupado pelos fornecedores da Intel.
A construção das fábricas deve ser acelerada agora que o presidente Biden assinou o CHIPS and Science Act, que fornece a empresas de semicondutores como a Intel US$ 52 bilhões em financiamentos. Em junho, a Intel adiou a cerimônia de lançamento de seu complexo em uma tentativa de persuadir o Congresso a aprovar a lei agora assinada por Biden. Na época, a Intel disse que o “escopo e o ritmo” de seu projeto dependiam do volume de dinheiro a que teria acesso em função da nova legislação – lobby em estado puro….
O projeto da Intel pode enfrentar alguns contratempos devido ao estado atual da indústria da construção nos Estados Unidos, onde além da falta de mão de obra, há escassez de materiais.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
