Camillo Torquato (*)
Qual será uma das maiores preocupações do ser humano nos dias atuais?
Facilmente vem à cabeça as questões climáticas e, principalmente, de acesso a água. Indo além, é hora de reforçarmos um debate em torno da ESG (Environment, Social and Governance), que é o impacto que as empresas têm em três áreas superimportantes: meio ambiente, social e governança corporativa.
O ESG, por exemplo, é um excelente índice para guiar investimentos ligados a sustentabilidade. Ou seja, transformar o desenvolvimento (e melhorias!) das organizações sempre tendo como norte o ser sustentável, o ser consciente. Aliás, é daquelas métricas que dão o suporte necessário para seguir alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Afinal, há uma tendência crescente de que os clientes e a sociedade em geral estejam cada vez mais interessadas em produtos e serviços que carregam e semeiam impacto positivo no meio ambiente. Por isso, ganha-se destaque e ajuda as empresas a reduzirem riscos, o custo de capital e ainda aumenta o valor da organização. É mais-valia internamente e externamente.
Vale reforçar que empresas sustentáveis geram um valor enorme tanto para quem trabalha dentro dela como para a sociedade. Hoje (e de agora em diante) o olhar consciente para a sustentabilidade é fundamental. Ainda mais quando falamos em riscos econômicos, sociais e ambientais, certo?
Ao incorporar o ESG ao negócio, fica mais claro qual é o consumo de matéria-prima, as mudanças climáticas e o desenvolvimento socioeconômico que permeiam a organização. Também, como suas atividades afetam a renda, a riqueza e o crescimento global no futuro – algo que precisa estar, mais do que nunca, enraizado no dia a dia.
Vamos trazer para o lado prático. Acordar de manhã cedo em um dia de verão para ir trabalhar. Muitas pessoas pensam logo no banho que vão tomar. Ao meio-dia, calor escaldante, é hora de outro banho. E ao final do dia, com as costas e as testas suadas por conta dos mais de 30º graus lá fora? Outro banho.
Pareceu muito os banhos? Pois o brasileiro toma, em média, 12 duchas por semana, segundo uma pesquisa. Ou seja, algo em torno de 2 chuveiradas a cada dia. E a cada entrada no chuveiro são liberados cerca de 135 litros de água, em um banho de apenas 15 minutos – fora os afazeres com lavagem em geral.
Do outro lado, temos 3% de água doce disponível no mundo todo. E, de acordo com a ONU, até 2050 mais ou menos 5 bilhões de pessoas sofrerão com a falta de água. Só no Brasil, por exemplo, temos já 35 milhões de pessoas sem acesso a ela.
Então, como a ESG entra para apoiar as mudanças necessárias para um consumo consciente de água, por exemplo?
A empresa passa a desenvolver tecnologias e serviços totalmente focados no combate ao desperdício do líquido. É abrir a caixa, pôr ideias inovadoras para fora e executá-las o mais breve possível. Que tal um sistema de economia de água? Quem sabe até um sistema de monitoramento remoto, que possibilita as pessoas acesso aos parâmetros hidráulicos de seu estabelecimento, 24 horas por dia, na palma da mão?
Tudo é possível. Temos tecnologia para isso. O que falta as vezes é estratégia e know how no gerenciamento desse recurso. Para isso, há de se contar com os parceiros certos.
(*) – É CEO da T&D Sustentável, greentech do segmento de “Construção Civil e Sustentabilidade” que desenvolve tecnologias e serviços focados no combate ao desperdício de água.