A expressão “greenwashing” designa os esforços desenvolvidos por uma empresa para dar ao público a falsa impressão de que se preocupa com o meio ambiente.
Vivaldo José Breternitz (*)
Agora vem a público uma matéria, evidentemente paga, onde a Panerai, uma marca de relógios de alto luxo, relata seus esforços em prol da conservação do meio ambiente, num exemplo tosco de greenwashing.
Segundo a matéria, a atenção da empresa “volta-se para práticas que reduzem o impacto ambiental causado pela fabricação de seus produtos, estando empenhada em desenvolver estratégias para um futuro sustentável, incluindo a redução de resíduos e promoção da reutilização de materiais”.
A Panerai informa que seu novo produto, o relógio “Submersible QuarantaQuattro eSteel”, projetado dentro dessa filosofia, terá 72 gramas, ou 52% de seu peso total, produzidos a partir de aço e plástico reciclados.
Fazendo algumas contas simples verificaremos que se forem vendidos mil relógios, serão utilizados cerca de 72 quilos de material reciclado; se forem vendidos um milhão, teremos o uso de 72 toneladas. Como o relógio custa cerca de 11 mil euros, quantos deles o leitor acredita que serão vendidos? E qual será o impacto sobre o meio ambiente?
Realmente, é muita cara de pau. Ao que parece, a Panerai acredita que somos todos idiotas.
(*) É doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.