A identidade digital vai além de tirar uma foto do RG ou ter uma CNH digital. É o alicerce que pode contribuir com o desenvolvimento da economia e tornar mais simples e seguras as operações dentro de um país. Dados de levantamento inédito realizado pela IDtech Único, em parceria com o Instituto Locomotiva e apresentados no Summit de Identidade Digital, mostram que 71% das pessoas no Brasil enxergam uma grande dificuldade de comprovar quem são no setor público.
Mesmo nas empresas privadas, a percepção de que é complicado se identificar é elevada, atingindo 64%. No setor financeiro, mesmo que mais digitalizado, ainda não conseguiu atingir o nível de simplicidade desejado pelas pessoas pois, 85% delas sentem dificuldades com os grandes bancos enquanto 55% delas ainda precisam provar quem são com os bancos digitais.
A digitalização do cotidiano, além das inúmeras facilidades e possibilidades, também abriu caminho para tentativas de golpes e práticas fraudulentas. De um lado estão as empresas visando não dificultar os processos para usuários legítimos; do outro, há o consumidor que exige uma experiência sem fricção em toda a sua jornada.
“Hoje, em torno de 40% da sociedade, já teve algum problema com fraude de identidade, ou seja, alguém já tentou se passar por você em alguma situação”, explica Paulo de Alencastro, cofundador e VP executivo da Unico. O executivo também explica que o problema de confiança no Brasil é histórico, reprime o mercado e degrada experiências com consumidores em diversos segmentos.
“Precisamos destravar as relações econômicas entre empresas e consumidores. Grandes movimentos são paralisados por conta de preenchimento de muitos dados, formulários, SMS, autenticações, senhas ou até a falta de um documento. A identidade digital deixa isso muito mais fluido, do início ao fim, com uma experiência mais dinâmica, onde o consumidor consome mais pela praticidade e facilidade’.
. Oportunidade e inclusão – A economia informal voltou a avançar em 2021 no Brasil, segundo o Índice de Economia Subterrânea (IES), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e pelo Ibre/FGV. A chamada “economia subterrânea” movimentou R$ 1,3 trilhão ao longo do ano — o equivalente a 16,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Paralelamente, no âmbito do setor privado, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), fizeram uma pesquisa no ano passado para avaliar a maturidade digital de micro e pequenas empresas. De quase 3 mil respondentes (2.572 respostas de empresas), 66% das MPEs estão em estágios iniciais de maturidade digital, sendo 18% analógicas
(nível 1) e 48% emergentes (nível 2). A falta de inclusão de pessoas no acesso a serviços e maior participação cívica é outro grande gargalo que afeta a geração de riqueza e de desenvolvimento econômico do país.
“A principal diferença entre a Estônia e o Brasil é a falta de uma liderança e de uma governança para colocar o tema da digitalização como política pública. Este é um grande desafio e temos uma oportunidade de formalizar essas pessoas que estão fora do sistema, para que a gente possa ter um aumento, inclusive, de geração de riqueza. A identidade digital é um caminho fundamental para que possamos avançar nessa inclusão, nessa formalização e digitalização”, afirma, Tatiana Ribeiro, Diretora-Executiva do Movimento Brasil Competitivo.
. Estônia: exemplo de governo digital – Erika Piirmets, conselheira de Transformação Digital no e-Estonia Briefing Centreís, apresentou como a Estônia tornou-se referência mundial em governo digital. Foram cerca de três décadas para o país construir sua rota de digitalização com apoio de regulamentações e serviços acessíveis em áreas remotas para a aplicação da identidade digital.
No país, é possível ter acesso a quase todos os serviços públicos de casa, sem precisar ir a nenhum órgão do governo e enfrentar filas e burocracia. Cerca de 98% da população já possui a identidade digital e pode, pela internet, abrir empresas, pagar impostos, registrar recém-nascidos, fechar contratos, matricular o filho na escola, marcar consultas médicas e até mesmo votar.
Essas medidas economizam anualmente na Estônia aproximadamente 2% do PIB, o que no Brasil significaria aproximadamente R$ 120 bilhões ao ano. Erika também ressaltou que ao iniciarem o processo de digitalização, o governo da Estônia, começou pela identidade digital. “Diminuímos os números e identificações tornando a vida dos nossos cidadãos mais fáceis. Começamos a construir esta história nos anos 90, tudo foi feito do zero. Em 2001, tivemos nossa identidade digital.
Foi um momento crucial em nossa história, com foco na tecnologia para promover serviços alternativos. Usamos essa oportunidade para construirmos um país mais democrático, transparente e ético. Ter serviços digitalizados era a base para isso”, conta. – Fonte e outras informações: (https://unico.io).