Ricardo Celeguin (*)
Há poucos temas em tamanha evidência como os NFTs.
De acordo com o relatório elaborado pela plataforma de dados e análise NFT Nonfungible.com, em parceria com a organização de pesquisa L’Atelier, as negociações de NFTs aumentaram 21.000% no último ano. O dado demonstra exatamente a força da inovação, que ganhou tamanha notoriedade recentemente.
Criados em 2012, os tokens não fungíveis, tradução de non fungible tokens (NFT) para o português, podem ser definidos como ativos digitais únicos, validados pela tecnologia de blockchain e disponíveis nas corretoras habilitadas a negociá-los. Os NFTs podem ser classificados em diversas categorias e ecossistemas, como uma imagem, uma gravação, uma obra de arte, um ingresso ou até mesmo um avatar – as opções são diversas.
O intuito é realmente dar um caráter insubstituível e único a qualquer que seja o conteúdo, trazendo a possibilidade de se tornarem itens colecionáveis, em que seu acesso pode ser disponibilizado a algo ou alguém, ou até ser um modelo de investimento. Representantes de uma nova realidade do cenário tecnológico e social, os NFTs abrem espaço para diferentes negócios. Estamos falando sobre oportunidades dentro de esferas como arte, música, esportes, jogos e até moda, por exemplo.
Segundo os dados da empresa DappRadar, empresa especialista em acompanhamento de mercado, as vendas dos tokens não fungíveis atingiram cerca de 25 bilhões de dólares em 2021. A companhia ainda aponta que os NFTs mais populares foram os colecionáveis, seguidos pelos de arte; os mais valiosos foram os terrenos comprados em ambientes do metaverso.
Com repercussão em diferentes escalas mercadológicas, também passa a ser inegável o impacto dos tokens no setor de pagamentos no médio e longo prazo. Devido ao seu pilar estabelecido em blockchains, responsável pela transação de maneira distribuída, sem a necessidade de um intermediário, toda a indústria de payments pode ser afetada e questionada.
É fato que a atuação das grandes empresas do setor está diretamente ligada aos serviços de transação financeira, no qual desempenham papel de intermediadores. Com o fortalecimento do NFT, a possibilidade de um ecossistema transacional, que opere de maneira autônoma, faz com que empresas, antes essenciais aos serviços transacionais, deixem de ser imprescindíveis.
O mercado de pagamentos brasileiro é extremamente marcado pela predominância de grandes players. Com o fortalecimento dos NFTs, e, consequentemente, de blockchains, existe a possibilidade de empresas menores e startups ganharem notoriedade, já que terão a oportunidade de conectar essas tecnologias em seus negócios de maneira mais eficiente.
A ideia de oferecer novos modelos de pagamentos, mais disruptivos e até mais rentáveis, afeta diretamente os serviços e o posicionamento das grandes companhias do setor. A nova tecnologia com certeza irá movimentar a configuração do mercado atual. Como prova desse impacto, já é possível ver grandes corporações, como Elo e Mastercard, criando um NTF da primeira transação realizada pela bandeira e realizando 15 pedidos de registro de marcas ligadas à cripto,metaverso e NFT, respectivamente.
As incertezas, as especulações e a volatilidade também fazem parte das diversas possibilidades que os NFTs carregam consigo. Apesar da pouca regulamentação inicial e da falta de um fundo garantidor de crédito, é fato que os tokens não fungíveis são um caminho sem volta, podendo proporcionar inúmeras inovações e com muito espaço para crescimento e expansão de sua aplicabilidade.
(*) – É Business Executive na Nava Technology for Business (https://nava.com.br).