A queda do número de mortes e contaminações por Covid-19, após um surto da variante Ômicron, vem deixando o consumidor brasileiro mais confiante em retomar as atividades presenciais, como idas a restaurantes, hotéis, viagens de avião, participação em eventos presencialmente etc.
Por outro lado, os consumidores do Brasil estão em segundo lugar (atrás da Índia) no quesito ansiedade, oriunda da preocupação econômica e impactos da guerra na Ucrânia.
Essas são as principais conclusões da pesquisa “Global State of the Consumer Tracker”, realizada mensalmente pela Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, que traz dados e análises para uma maior compreensão das mudanças na mentalidade do consumidor atual e explora as implicações potenciais para um mundo pós-pandêmico.
Essa edição da pesquisa, realizada entre fevereiro e março, revela que os consumidores brasileiros demonstraram estar mais seguros em realizar todas as atividades pesquisadas, atingindo um nível de confiança maior do que em novembro de 2021. De acordo com a pesquisa, a porcentagem de pessoas que estão buscando mais experiências presenciais subiu para 54% em comparação a fevereiro (48%).
O estudo aponta que mais de um quinto (22%) dos participantes brasileiros da pesquisa revelaram estar mais ansiosos do que na semana anterior. Em relação aos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o Brasil é o segundo mais preocupado atrás apenas da Espanha.
Uma das hipóteses para esta preocupação é o fato de que a Rússia é importante exportadora de fertilizantes para o Brasil. As incertezas relacionadas a preços de combustíveis derivados de petróleo também seguem como uma questão sensível para o Brasil, país de prevalente matriz rodoviária. “No final deste primeiro trimestre, podemos ver um consumidor muito mais seguro em retomar suas atividades presenciais, devido à melhora da pandemia da Covid-19.
Ao mesmo tempo, vemos também um consumidor mais preocupado com os impactos da guerra da Ucrânia no seu cotidiano, conflito que vem causando aumento significativo nas taxas de inflação, puxadas pelas constantes altas dos combustíveis, promovendo um efeito cascata na precificação de todos os produtos na economia e no setor de alimentos.
Diante disso, a pesquisa da Deloitte é um termômetro bastante interessante para as empresas de consumo e serviços entenderem o que pensa e como se comporta o consumidor diante do cenário atual”, destaca Ricardo Balkins, sócio-líder de Consumer da Deloitte.
A pesquisa mostra que chegando ao final do primeiro trimestre de 2022, a preocupação com o aumento de preços tem trajetória de leve alta (80%), em relação ao início do ano (76%). Mais acentuado foi o aumento nos indicadores relacionados a adiamento de grandes compras (37%), rolagem de dívida no cartão de crédito (34%) e cumprimento de pagamentos (32%).
Esses números indicam um alto comprometimento da renda e a busca por alternativas de crédito acessível. A pesquisa revela, ainda, que impulsionado pela inflação, houve, depois de dois meses de queda, um aumento da participação dos gastos discricionários em relação aos gastos totais.
Na composição dos gastos discricionários, a habitação (17%) e alimentação (12%) têm o maior peso — especialmente para as pessoas de baixa renda. O aumento de custos também impactou, entre as pessoas de baixa renda, os gastos direcionados a recreação e lazer (12%) e a capacidade de poupança e investimento (8%).
Outro dado levantado pelo estudo indica que, apesar da situação econômica e social do País ser desafiadora, o Brasil tem, entre os países pesquisados, o maior índice de otimismo: 77% acreditam que a situação financeira vai melhorar nos próximos três anos, número significativamente superior aos 46% da média global. – Fonte e outras informações: (https://www2.deloitte.com/br/).