Alessandro Saade (*)
Quem me conhece sabe que sou apaixonado por livros. Não só pela leitura, mas pela experiência completa: pelo livro físico, o cheiro do papel, o ato de virar a página, de admirar a arte da capa e muitos outros detalhes sensoriais que me encantam.
Pois esbarrei numa matéria superinteressante do The New York Times com a seguinte provocação: Porque as livrarias não devem jamais deixar de ser um lugar de pessoas.
A provocação navega pelo uso de espaços abertos de leitura, independente de serem, ou não, um repositório de livros. Startups como Libby, um aplicativo que escaneia livros e oferece acesso digital ao acervo das principais livrarias norte-americanas é um exemplo. Apesar de, durante a pandemia, ter endereçado o problema do acesso ao acervo físico das livrarias, ainda assim a experiência da leitura em espaços públicos como bibliotecas continua sendo uma demanda. Muitas delas já possuíam e agora buscam ampliar seus espaços abertos e ao ar livre para leitura. Principalmente agora, com o modelo de megalivraria em colapso.
Invertendo a ordem e reforçando este conceito, testemunhamos em São Paulo, a abertura de diversos espaços de leitura em bares e cafés. Antes as megalivrarias tinham, obrigatoriamente, que dispor de uma cafeteria em suas instalações.
Algumas dessas novas livrarias são de temas específicos, bem nichadas, outras de temas mais genéricos e, ainda temos cafeterias com sebo de livros em suas instalações! Uma revolução deliciosa. Será que sua cafeteria não pode oferecer uma solução assim, complementar, aumentando o tempo do seu cliente na loja?
O que acabei de descrever pode também ser utilizado para reforçar o dado do crescimento absurdo da abertura de negócios no Brasil e no mundo. Muitos funcionários perderam seus empregos e infelizmente não conseguiram se recolocar, mas um grande grupo também decidiu aproveitar o momento e buscar um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, com mais propósito e flexibilidade. Isso não quer dizer trabalhar menos, mas trabalhar melhor e mais eficientemente. Inclusive, uma recente pesquisa da UpWork indica o movimento crescente de empreendedorismo e da atuação de freelancer nos Estados Unidos, anterior à pandemia e ao movimento identificado como The Great Resignation.
Um dos pilares do pano de fundo do crescimento das novas empresas é a simplicidade da operação financeira, com uma grande gama de oferta de soluções trazidas pelas fintechs. Com elas é mais fácil, pagar, receber, cobrar e controlar. Tudo na tela do celular e em tempo real. E este movimento leva estas startups financeiras a invadir outros redutos dos bancos convencionais: o empréstimo de dinheiro.
Novos momentos demandam novas atitudes, novos conhecimentos e novos modelos mentais. Uma outra provocação muito pertinente, desta vez feita pelo INSEAD, nos direciona a mudar o modelo mental de negociação ganha-ganha e ganha-perde. O artigo traz alguns caminhos que ajudam na mudança da percepção e na construção do novo modelo, mais flexível, transparente e focado nas opções existentes e não no modelo único idealizado pelas partes. Uma boa leitura para quem busca parcerias duradoras e de confiança.
Até a próxima!!
(*) É Fundador dos Empreendedores Compulsivos, é também executivo, autor, professor, palestrante e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência atuando com grandes empresas e startups brasileiras, tornando-se referência no universo do empreendedorismo no Brasil. Formado em Administração pela UVV-ES, com MBA em Marketing pela ESPM e mestrado em Comunicação e Mercados pela Cásper Líbero, especializou-se em Empreendedorismo pela Babson College e em Inovação por Berkeley. Atualmente é Superintendente Executivo do ESPRO, instituição sem fins lucrativos que há 40 anos oferece aos jovens brasileiros a formação para inserção no Mundo do Trabalho.