A Intel faturou cerca de US$ 80 bilhões em 2020, sendo a segunda maior fabricante de chips por esse critério, superada apenas pela Samsung. Tem um longo histórico de pioneirismo na área, fornecendo esses e outros produtos para empresas como Apple, Dell, HP e Lenovo.
Vivaldo José Breternitz (*)
Assim, é oportuno ouvir o que seu CEO Pat Gelsinger, disse ao canal de notícias CNBC: a falta de chips deve durar até 2024, mais do que o esperado anteriormente – o mercado acreditava que em 2023 a situação estaria normalizada.
Isso acontece porque os fabricantes desses componentes também estão sofrendo com a disrupção de algumas cadeias de suprimentos, ainda em função da pandemia, em um momento em que a demanda de chips segue crescendo. Esses fabricantes juntam-se às indústrias automobilística, de computadores, de smartphones e de outros dispositivos, que não conseguem atender à procura por seus produtos. A escassez de chips custou em 2021, apenas à economia americana, US$ 240 bilhões.
Visando suprir a falta desses componentes, a Intel anunciou investimentos da ordem de US$ 40 bilhões, para construção de duas fábricas no Arizona e uma em Ohio, que deverá ser a maior fábrica de chips do planeta.
A escolha desses locais provavelmente leva em conta o que disse a agência de notícias Bloomberg em 2021: a Casa Branca “desanima fortemente” a Intel a aumentar sua produção de chips na China.
São considerações geopolíticas, que parecem confirmar o que dizem alguns: o processo de globalização está em retrocesso. Segundo o professor da FEA/USP, Martinho Isnard Ribeiro de Almeida, esse retrocesso talvez seja bom para o Brasil, na medida em que poderá ajudar a reverter o processo de desindustrialização que assola nosso país.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.