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Do plano de carreira para o legado: as novas aspirações

em Artigos
sexta-feira, 29 de abril de 2022

Fernando Poziomczyk (*)

Em vez de salário e benefícios, alguns profissionais estão em busca de um projeto de vida.

Essa tendência tem sido observada principalmente entre os mais jovens, que sonham com um estilo profissional baseado em suas próprias crenças e valores.
Segundo a pesquisa realizada pelo Think Google, 85% dos profissionais da Geração Z, aqueles nascidos entre 1995 e 2010, estão dispostos a doar parte do seu tempo para alguma causa. Contudo, vale destacar que essa não é a realidade da maioria.

É fato que, com o advento da informação, as pessoas se tornaram mais criteriosas, buscando trabalhar em empresas cujos valores e propósitos compactuam. Entretanto, essa possibilidade ainda é restrita às grandes cidades e às áreas onde a oferta de vagas é maior que a de profissionais para ocupá-las, como é o caso de tecnologia. Na maior parte do país, o que ainda se vê é a busca por uma remuneração capaz de proporcionar conforto e bem-estar ao trabalhador e sua família.

O propósito vem, na maioria das vezes, em segundo lugar. Junto dele, a oportunidade de trabalhar em um projeto no qual se acredita e ofereça uma oportunidade de crescimento profissional. Somado a isso, os profissionais também buscam flexibilidade para conciliar atividades profissionais e pessoais, bem como a estabilidade na empresa, onde seja estabelecida uma relação duradoura. O status que determinada empresa ou cargo pode oferecer, também conta. Satisfazer o próprio ego é importante para muitos.

Entre os critérios determinantes, a liderança ainda possui um papel decisivo na escolha por uma empresa em detrimento de outra. O líder precisa inspirar seu time, sendo capaz de fazer as pessoas se desenvolverem ao mesmo tempo em que faz entregas, demonstrando sua capacidade de gerar resultados. Para quem deseja ter o poder da escolha – em vez de apenas torcer para ser escolhido – cabe buscar diferenciais.

É preciso entender as tendências do mercado, buscando cruzar os interesses entre suas paixões e habilidades e as demandas das empresas. É importante fazer o que gosta, mas é determinante entregar o que o empregador espera. E, se tornar um profissional raro e desejado nunca foi tão simples. Ninguém mais precisa ficar limitado à formação acadêmica tradicional. Felizmente, hoje existe uma infinidade de cursos de qualificação que podem ser realizados de qualquer lugar e até de graça.

Enxergar as oportunidades e se preparar para elas é o que faz a diferença, assim como processos de reciclagem constante. Também é importante cuidar da sua autoimagem. Além de ser valorizado pelas entregas que trouxe às empresas que trabalhou, o profissional precisa construir sua reputação nas redes sociais, buscando holofotes para o seu perfil de forma estratégica e alinhada aos seus objetivos.
Outra tática relevante é fazer networking.

Compartilhar experiências e estar ao lado de quem tem grandes feitos para contar é fundamental para o crescimento de qualquer profissional, seja qual for a sua área de atuação. Independentemente do que buscam as empresas ou os profissionais, é inegável admitir que as relações de trabalho mudaram completamente a sistemática dos processos seletivos. As relações evoluíram, assim como as pessoas e as organizações.

Buscar a conciliação entre os interesses de cada um, assim como a construção de carreiras e resultados promissores é o desafio que todos esperam superar.

(*) – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção (https://wide.works/).