O Brasil é contrário às sanções econômicas decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em viagem aos Estados Unidos, o ministro pediu a permanência da Rússia no FMI, mas afirmou que o governo brasileiro condena a invasão da Ucrânia, do “ponto de vista geopolítico”.
Guedes participou de reunião do Center for Strategic and International Studies (CSIS), centro de estudos internacionais em Washington.
Segundo ele, a Constituição Brasileira só permite que o país apoie sanções aprovadas pela ONU, o que não ocorreu no atual conflito, em que as sanções foram decididas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por outros países desenvolvidos. Guedes declarou que o Brasil é a favor da construção de “pontes de diálogo” com a Rússia para negociar o fim do conflito.
Na avaliação do ministro, que estará nos Estados Unidos durante toda a semana participando de reuniões do FMI, do Banco Mundial e do G20, uma eventual expulsão da Rússia do FMI poderia agravar o conflito. E que as regras atuais do Fundo Monetário não permitem a expulsão de nenhum membro e tal iniciativa estimularia uma guerra econômica ainda maior.
Guedes, no entanto, disse que o Brasil não apoia a invasão da Ucrânia. “De um ponto de vista geopolítico, o Brasil condena a invasão. Somos o único país do Brics [grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] que condena a invasão”, declarou. O ministro lembrou que o Brasil votou três vezes na ONU contra a ocupação da Ucrânia.
O ministro almoçou com o diretor executivo do FMI, Afonso Bevilaqua, e reuniu-se com a ministra de Finanças da Indonésia, Sri Mulyani. Segundo o Ministério da Economia, o Brasil negocia acordos de livre comércio com a Indonésia e o Vietnã, que podem ter impacto de R$ 25,7 bilhões no PIB brasileiro até 2040 (ABr).