Gabriel Figueira (*)
Os últimos dois anos têm apresentado uma verdadeira reviravolta para as empresas do setor de varejo. Os modelos tradicionais de prestação de serviço já não fazem sentido para os consumidores cada vez mais conectados e exigentes. Empresas do setor varejista estão correndo para conquistar vantagens competitivas através da ‘fintechzação’.
Porém, o mundo financeiro e o do varejo sempre estiveram conectados. À medida que a tecnologia avança, eles estão cada vez mais próximos, lidando com mudanças no comportamento dos consumidores e abrindo novas frentes de negócio.
Com clientes cada vez mais imersos na tecnologia, e com a troca de poder de compra entre gerações, diversos mercados estão acelerando sua transformação digital.
Cada vez mais as empresas precisam ajudar seus usuários a resolver desafios no ponto de venda físico e digital, as soluções de pagamento inovadoras, por exemplo, estão trazendo o comércio unificado para as plataformas. Abaixo, destaco quatro pontos de atenção que o setor de varejo está levando em consideração em seu processo de ‘fintechzação’. Confira:
• A mudança na jornada digital do cliente – A pandemia potencializou a maior mudança já vista referente à experiência que consumidores têm ao fazer compras. Se antes, comprar comida, roupa ou medicamentos, por meio dos canais digitais era apenas uma opção, com a crise do coronavírus ela se tornou uma necessidade.
Empresas que já estavam com seus pontos de contato digitais “prontos” saíram na frente e conseguiram aumentar sua participação de mercado. Vimos algumas grandes empresas do varejo reformulando seus e-commerces e criando campanhas de marketing para trazer clientes novos e antigos para esta nova experiência de compra.
• QR Code, PIX e novas formas de pagamento – A tecnologia de pagamentos vem avançando como nunca, ajudando as empresas a digitalizar a interação com seus clientes e oferecendo transações mais simplificadas e instantâneas. Mesmo não sendo uma novidade, o PIX, por exemplo, vem sofrendo diversas evoluções por parte do Banco Central, e hoje é usado por 71% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
• O poder dos dados com a qualidade da Inteligência Artificial – Contra dados não há argumentos. A digitalização do setor varejista trouxe uma infinidade de dados que podem ser manipulados para gerar informações valiosas que podem ser aplicados de modo a gerar ganhos e diferenciais competitivos. Atrelando isso à tecnologia de inteligência artificial (I.A), as empresas do setor varejista estão ganhando agilidade na automação de algumas tomadas de decisão.
Segundo pesquisa da IDC, o setor de varejo é o único que pretende ter um investimento em I.A maior do que o setor bancário nos próximos anos. As possibilidades do uso de inteligência artificial são grandes, e impactam todos os departamentos das instituições que oferecem serviços financeiros como, por exemplo, para o tratamento das solicitações de crédito.
• A ascensão da economia de plataforma – Plataformas e marketplaces ganharam muita penetração durante os últimos anos. Diversas empresas expandiram suas ofertas durante a pandemia de modo a conquistar novos clientes para suas plataformas.
Esses marketplaces, com seus recursos de pagamento integrados, são ideais para pequenos e médios varejistas que não têm recursos para desenvolver seu próprio portal de comércio eletrônico.
Isso torna os pagamentos uma peça vital do quebra-cabeça para as plataformas, apesar de oferecer simplicidade aos usuários, as plataformas podem ser complexas nos bastidores. Acertar uma vez na experiência de compra digital em uma plataforma, potencializa as chances de uma recompra no médio prazo.
No geral, o varejo evoluiu mais nos últimos dois anos do que nas gerações anteriores. Ser capaz de aproveitar ao máximo a tecnologia de pagamento e a diversidade é essencial para os varejistas vencerem a batalha pela atenção e sucesso do cliente, o processo de pagamento tornou-se uma parte crucial dessa experiência.
O setor varejista vem passando por uma transformação graças à tecnologia inovadora que as empresas de tecnologia vêm criando há mais de setenta anos, e não há sinal de que isso pare tão cedo. Será interessante ver como os varejistas irão se diferenciar com a oferta de novos produtos financeiros aos seus clientes nos próximos anos.
(*) – É Head de Marketing na Zappts, e especialista em comunicação digital e análise e desenvolvimento de sistemas (https://www.zappts.com.br/).