A Páscoa deste ano deve ser um pouco melhor para o varejo do que a do ano passado. De acordo com a projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as vendas no setor voltadas para a data deverão totalizar R$ 2,16 bilhões, representando um aumento de 1,9% em comparação a 2021. Ainda assim, caso seja confirmada a previsão, o resultado ficará 5,7% abaixo do alcançado antes do início da pandemia, em 2019 (R$ 2,29 bilhões).
A valorização do real viabilizou o aumento do volume de importação de chocolates, que avançou 8% (1,43 mil toneladas) em relação ao ano passado. A taxa de câmbio do produto mais consumido na data, que há poucos dias estava em 5,70 R$/US$, atualmente se encontra próxima aos 5,00 R$/US$, um recuo de mais de 12%.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia o avanço como positivo.
“O volume de importação de produtos típicos costuma ser um importante indicativo da expectativa do varejo para a data. Ainda não alcançamos a recuperação plena, mas o crescimento mostra que seguimos no processo de retomada”. Outro item muito procurado nos dias que antecedem a Páscoa, o bacalhau, por outro lado, teve retração de 17% no volume de importações. Para o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, o recuo é uma estratégia do varejo.
“É um indício de que o setor está apostando na melhor saída de produtos mais baratos a partir da aceleração dos índices gerais de preços”, avalia. Ainda assim, a cesta de bens e serviços, composta por oito itens tipicamente consumidos durante a celebração, deverá ficar 7,0% mais cara do que no mesmo período de 2021 (na média, para um IPCA-15 na casa de 10,5%), representando a maior alta desde 2016, quando a variação foi de +10,3%.
Entre os produtos, bolos e azeite de oliva se destacam, tendo apresentado tendência de avanço de 15,1% e 12,6%, respectivamente, nos últimos 12 meses. “O reajuste da cotação de commodities, como o trigo, tende a afetar o preço de alguns alimentos, entre eles alguns típicos da Páscoa”, lembra o economista (Gecom/CNC).