Dissemos anteriormente que a o aumento do número de veículos elétricos vai afetar fortemente os negócios dos postos de gasolina, que são cerca de 45 mil no Brasil e 150 mil nos Estados Unidos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Agora, um acordo firmado entre duas grandes organizações americanas, a Volta, empresa que atua no mercado de redes de carregadores para veículos elétricos e a Walgreens, a segunda maior rede de drugstores daquele país, é um exemplo de como os postos poderão ser afetados.
Nos termos do acordo, a Volta vai instalar mil pontos de carregamento em 500 lojas da Walgreens – serão pontos para carregamento rápido, que em meia hora darão ao veículo uma autonomia de cerca de 280 quilômetros. A parceria entre essas empresas iniciou-se em 2019, de forma experimental, e atualmente há carregadores Volta instalados em 49 lojas Walgreens.
As empresas acreditam que essa carga é suficiente para diminuir um fator que dificulta a popularização dos elétricos: a chamada “range anxiety”, ou o medo de ficar sem energia – afinal, não é possível buscar um galão de energia em um posto… Acreditam também que meia hora é o tempo que a maioria das pessoas gasta nas drugstores – assim, como o carregamento será feito enquanto fazem compras, a perda de tempo será minimizada.
Os interesses das empresas convergem: a Walgreens atrairá mais clientes para suas lojas e a Volta ganhará com a popularização dos veículos elétricos. Ambas falam também na diminuição do uso dos combustíveis fósseis, embora esse pareça mais ser um esforço de relações públicas.
Iniciativas como essas mostram como é importante os proprietários dos postos de gasolina pensarem o futuro de seus negócios, que podem vir a ser fortemente afetados e até mesmo inviabilizados pela popularização dos veículos elétricos.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.