A volta do Taleban ao poder é uma tragédia para milhões de pessoas. As mulheres, no entanto, serão mais atingidas, por serem obrigadas a se casar com desconhecidos, proibidas de trabalhar fora de casa e de irem à escola após completarem 12 anos, além de sofrerem outras restrições.
Vivaldo José Breternitz (*)
Dentre as vítimas, está o Afghan Girls Robotics Team, um grupo de jovens entre 12 e 18 anos que estuda e desenvolve projetos na área de robótica, e que é um símbolo de um Afeganistão mais moderno.
Durante a pandemia, o grupo trabalhou no desenvolvimento de um ventilador pulmonar de baixo custo, construído a partir de peças de automóveis usadas.
O grupo foi criado em 2017 por Roya Mahboob, uma empreendedora afegã que dirige o Digital Citizen Fund, uma entidade que trabalha pela educação de meninas em no campo de STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics), Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português.
As meninas são da cidade de Herat, tomada pelo Taleban, e as últimas notícias disponíveis davam conta de que estavam tentando fugir para o Canadá, onde pretendiam continuar seus estudos.
A vitória desses fanáticos é uma tragédia não só para essas jovens, mas também para todo o país, que abre mão de pessoas talentosas que poderiam ajudar o miserável Afeganistão a evoluir, entre outras coisas melhorando seu PIB per capita, que é cerca de 5% do brasileiro.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.