Eduardo Freitas (*)
A maneira como consumimos mídia vem mudando, principalmente nas últimas décadas. Se antes todos se reuniam em frente à TV ou a um aparelho de rádio para momentos de entretenimento ou para se atualizar com notícias sobre o mundo, hoje, qualquer pessoa pode acionar o seu smartphone ou outro device para assistir a filmes, ouvir música, ver jornais, ler livros.
Essa evolução transformou comportamentos, a comunicação e toda a indústria de produção de mídia e entretenimento. E por trás dela, é preciso ter um suporte tecnológico cada vez mais potente.
. O que é mesmo streaming? – É o nome dado à tecnologia que transmite dados de arquivos como música, texto e vídeo pela internet, em “tempo real”, sem a necessidade de baixar o conteúdo em um dispositivo.
Os exemplos mais populares atualmente de streaming são a Netflix, o Spotify, o Tik Tok, o Amazon Prime e o YouTube – conhecidos também como OTT (Over The Top), expressão em inglês que significa acima do topo, ou seja, serve para designar os modelos de negócios que geram valor sobre a transmissão de dados pela Internet.
Parece simples, mas não é… – Assim como outros sistemas de envios de dados, no streaming, os arquivos de áudio, textos, imagem estática e vídeo são divididos em partes pequenas e enviados separadamente pela rede. Assim que um dispositivo recebe esse pacote, o player tem a função de uni-los novamente, devolvendo seu formato original. Para que os usuários não recebam um arquivo pela metade, este transporte de dados precisa ser veloz.
Muitos sistemas de reprodução utilizam a função de buffer, que carrega o vídeo ou a música antes mesmo de ela ser reproduzida, dando uma melhor sensação de continuidade. Se há problemas na conexão, os players diminuem a qualidade do conteúdo para evitar as pausas de carregamento. Já na transmissão ao vivo via live streaming, não existe o pré-carregamento: tudo acontece ao vivo e qualquer alteração na conexão afeta a transmissão de dados.
. Uma história de 100 anos – Quase ninguém se lembra, mas o rádio foi o primeiro meio de streaming criado, no fim do século 19, a princípio para funções militares. A tecnologia evoluiu até uma interface voltada ao usuário, que reinou nas casas por muitas décadas.
Por volta de 1920, o major-general americano George Owen Squier patenteou um sistema de transmissão e distribuição de sinais em linhas elétricas para fornecer música aos ouvintes sem o uso de rádio, permitindo o controle de quem consumiria o serviço.
Depois veio a TV, que se consagrou na década de 1950 como um dos mais importantes avanços tecnológicos e culturais do século 20. Mas sua história, sem dúvida, só pode ser contada por que existiu o streaming, cuja evolução
acompanhou os avanços tecnológicos do mundo, como a chegada da internet, passando a depender de uma conexão para reproduzir títulos de mídia e transmissões ao vivo.
Em todo o mundo os serviços vêm crescendo de forma acelerada, e a pandemia colocou mais velocidade a esta trajetória. Pensar em CDs e DVDs parece coisa de um passado distante – tamanho o poder de mudança de hábito de consumo de entretenimento gerado.
Segundo uma pesquisa da Kantar Ibope Media, em 2019, os brasileiros assistiam, em média, a 3 horas e 14 minutos semanais de vídeos pagos (via streaming). Com o maior isolamento social causado pela pandemia, esse número disparou: atualmente, essa média alcançou até 13 horas semanais.
Para entender a dimensão deste crescimento, na América Latina terá 81 milhões de assinaturas de vídeo sob demanda (SVOD) e OTT até 2025, quase o dobro dos 42 milhões registrados no final de 2019. Essas plataformas exigem uma Rede de Distribuição de Conteúdo (CDN) que suporte quantidades tão altas de consultas. Esta é uma das soluções que, nós da Lumen, oferecemos para apoiar nossos clientes do setor.
Apoiada em nossa espinha dorsal de IP, nossa CDN é uma solução que otimiza seus recursos para alcançar uma massificação de dados ao redor do mundo de maneira confiável. Esta tecnologia facilita aos geradores de conteúdo manter a estabilidade de seu serviço com conexões internacionais, garantindo assim uma boa experiência a seus consumidores, seja assistindo a um filme ou transmitindo uma aula online para milhares de usuários. Ou seja, o presente é do streaming. E o futuro também.
. O que está por vir – Mercados alternativos de streaming entram para esta tendência de crescimento. Um deles é o live commerce – a intersecção entre vendas e entretenimento. O formato que vem se popularizando na China chegou ao Brasil na última Black Friday. Com grandes players do varejo organizando lives na rede para promover um verdadeiro festival de descontos. Outro exemplo é o cloud gaming.
A indústria dos games já é altamente integrada ao streaming em vídeo, inclusive com uma comunidade de 7,5 milhões de jogadores que assistem e transmitem partidas pelo Twitch. Agora, a tendência é que a tecnologia esteja presente no próprio ato de jogar graças a união das tecnologias 5G e Inteligência Artificial.
Nos próximos três anos, a expectativa é de que o mercado global de cloud gaming cresça de US $500 milhões para quase US $5 bilhões até 2023. Para continuar apoiando este crescimento de tráfego, a Lumen quase quadruplicou a capacidade de sua (CDN) na América Latina.
Somente no Brasil, adicionou mais de 450 km de fibra entre o Nordeste do país, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Também está aumentando sua Rede de Entrega de Conteúdo para atender às crescentes demandas das emissoras globais, das plataformas OTT e de empresas de jogos, para fornecer aplicações web de alto desempenho, transmissão de vídeo com ultra-alta definição e downloads de jogos. No ano passado, incluímos mais 260 racks aos data centers na Colômbia, Brasil, Peru e Argentina.
É evidente que o potencial do mercado de streaming é imenso e há muito espaço para crescer. Na medida que a procura pela tecnologia aumentar e se tornar mais complexa, estamos prontos para o desafio com uma plataforma adaptável para garantir as melhores experiências digitais possíveis, em qualquer segmento, em qualquer lugar.
(*) – Formado em Engenharia Elétrica pela UFMG, com MBA pela FGV Management e DGE pelo Instituto Superior de Empresas – IESE, é Senior Director de Connectivity, Media & IPLumen Brasil (www.news.lumen.com).