Carolina Junqueira Franco (*)
Uma das primeiras lições de um bom SEO é aprender a pensar com a cabeça (e com as palavras) de quem faz as buscas na internet.
E isso pode diferir muito de público para público. Enquanto as mulheres tendem a buscar e reunir mais informações sobre um determinado tópico online, usando mais palavras para definir o que buscam em frases mais longas, abrindo muitas novas abas de busca, homens têm quatro vezes mais chances de explorar resultados de buscas que estão mais em baixo na tela, pior posicionados, informa a QuarityQuest.
Abrem, em média, três vezes mais páginas que as mulheres e gastam mais tempo nessa procura. Saber apresentar o seu site levando em conta o caminho das buscas tanto de homens, quanto de mulheres é um exercício importante para garantir que as buscas orgânicas cheguem exatamente onde o seu produto está. O que vemos, no entanto, é que nem sempre esse trabalho mais refinado ocorre, relegando o público feminino para segundo plano, apesar de seu consumo digital crescer em importância.
De acordo com pesquisa do site Statista, no Brasil, as mulheres já representam 49.9% da audiência digital em smartphones (o principal dispositivo de acesso à internet no País). No caso de desktops, elas detêm 49% dos acessos. Ocorre que, para pensar como uma mulher, o ideal é… ser mulher. O problema é que boa parte dos profissionais que se dedicam ao SEO ainda são, em sua maioria, homens.
Uma pesquisa recente (State of SEO 2020) indica que a sua presença entre as equipes que se dedicam a reforçar a busca orgânica dos sites são majoritariamente masculinas. Dos 652 SEOs que participaram do estudo, 191 se identificaram como mulheres (29,3%) e 446 se identificaram como homens (68,4%). Essa diferença se acentua na América Latina: 83,3% dos entrevistados se apresentaram como homens e apenas 16,7% como mulheres.
A sub-representação das mulheres nas equipes de SEO é uma questão tão séria que mereceu do Search Engine Journal dicas para que elas conquistem o seu merecido espaço na indústria de SEO, equilibrando o setor. Aliás, esses conselhos valem para todos, de qualquer gênero. Passam por ter à mão o histórico de sucessos, sempre com dados mensuráveis, até conhecer os salários pagos pelo mercado, e estar com os argumentos bem ensaiados e afiados para comprovar o valor da profissional.
O valor das mulheres na indústria do SEO, no entanto, já começa a ser reconhecido. Jill Kocher, por exemplo, é uma das articulistas do site Practical Ecommerce. Expoente na área, tem feito uma série de recomendações ao mercado sobre como aprimorar a busca orgânica. Ela sempre faz questão de frisar que o Google é acessado, em média, por mais de 60 mil buscas por segundo.
E que há negócios que conseguem gerar até 75% do seu tráfego – assim como de seus respectivos faturamentos – de busca orgânica. Para ela, no entanto, essa é uma decisão de negócios arriscada, pois basta que as regras do algoritmo dos sites de buscas sejam alteradas para que esse fluxo mude completamente. Ainda assim, defende ela, o SEO deve contribuir, no mínimo, com 10% do tráfego de qualquer site.
Mas, deixando as digressões de lado, fica o nosso recado: quanto mais plural for o olhar da sua equipe de SEO, maiores as chances de você captar melhor as nuances das buscas de segmentos específicos, incluindo o importante público feminino. Vale a pena pensar a respeito e refinar o seu site e landing pages para um público que representa cerca de metade das buscas na internet.
(*) – É Head de Marketing da Simplex (simplex.live).