Erick Melo (*)
A receita estimada até 2022, para o comércio eletrônico em todo o mundo deverá ser de US$ 6,54 trilhões, comparado aos US$ 3,53 trilhões registrados em 2019, segundo o relatório Retail e-commerce Sales Worldwide from 2014 to 2024. Esse crescimento deve-se, principalmente, ao efeito da pandemia, que fez com que mais varejistas migrassem para o online e novos empreendedores iniciassem seus negócios no universo digital.
O varejo online é uma indústria que, por características próprias, está em constante mudança. Todos os anos surgem várias tendências que podem ajudar no crescimento do mercado, e o relatório mostra que os próximos anos não serão diferentes. Frente a esse cenário, Erick Melo (*) aponta as principais tendências desse setor e o que as empresas devem estar atentas:
- O Voice Commerce aumentará – Segundo dados do CENP – Conselho Executivo das Normas-Padrão, o investimento em publicidade no Brasil chegou a R$ 5,7 bilhões nos primeiros seis meses do ano passado, e os investimentos em áudio registraram crescimento, alcançando R$2,78 milhões. As pessoas confiam cada vez mais em dispositivos de assistente de voz como o Amazon Echo, com Alexa, e o Google Home, com Google Assistant. Os consumidores estão utilizando essa tecnologia para realizar desde tarefas simples do dia a dia, como despertador, até comprar produtos online.
Segundo pesquisa da Loup Ventures, 75% dos lares dos EUA terão alto-falantes inteligentes até 2025 e as vendas do comércio de voz devem chegar a US? 40 bilhões em 2022. Esses são indicadores de uma tendência cada vez mais forte, que inclui também o mercado brasileiro. Portanto, é fundamental otimizar o conteúdo do e-commerce também para a busca por voz.
- Omnichannel se tornará padrão – Segundo dados da HBR (Harvard Business Review), 73% dos entrevistados usam vários canais da mesma empresa durante a jornada de compra. Hoje, com o aumento do número de pontos de contato com o cliente, o omnichannel já é uma realidade bem consolidada. Oferecer uma experiência multicanal contínua é a chave para fidelizar clientes e aumentar a recorrência de compra.
Mas para isso é necessário otimizar o site para dispositivos móveis, personalizar a experiência do cliente em todas as etapas da jornada de compra, com o uso de ferramentas adequadas, além de oferecer opções diferentes para entrega e retirada do produto.
- Inteligência Artificial (IA) e Realidade Aumentada (RA) irão melhorar a experiência do usuário – Um estudo da Juniper Research indica que os gastos dos varejistas em todo o mundo em Inteligência Artificial serão em torno de US? 7,3 bilhões e cerca de 120 mil lojas usarão tecnologias de Realidade Aumentada para oferecer aos clientes uma rica experiência de compra até 2022. Isso porque ao contrário das lojas físicas, os compradores online não podem experimentar ou inspecionar fisicamente o produto que pretendem comprar.
A realidade aumentada ajuda a eliminar esse obstáculo, permitindo que os clientes vejam como um determinado produto ficará num ambiente, antes mesmo de comprá-lo. Já a inteligência artificial atua como um associado na loja online, oferecendo orientação e recomendações personalizadas aos clientes, ajudando no incremento das taxas conversão.
- Diversificação das formas de pagamento – As opções de pagamento são um dos principais motivos pelos quais os clientes escolhem realizar uma compra no meio online. Além de cartões de diversas bandeiras, tickets e boletos, haverá um crescimento de transações realizadas via PIX e criptomoedas, especialmente bitcoin, pois oferecem muitos benefícios para os lojistas, como taxas de transação baixas e nenhuma transação reversa, além da conveniência e praticidade para consumidores.
- Logística e entrega Expressa – O aumento do consumo online impulsionado especialmente pela pandemia global colocou em xeque algo novo na tecnologia ligada ao consumo e que precisa ser devidamente destacado: a integração dos canais de vendas e a atualização de plataformas de tecnologia, tendo como premissa essencial a usabilidade e adequação das demandas do cliente final.
E como consequência disso, todas as pontas da operação de logística precisaram ser revistas. A tendência observada é que, a partir de agora, os consumidores exigem cada vez mais a entrega expressa, produtos disponíveis e agilidade no atendimento. Portanto, se esse gargalo do processo de entrega não for bem resolvido, a operação como um todo pode ficar comprometida.
- O Mobile Commerce dominará o comércio eletrônico – Até o final de 2021, espera-se que os dispositivos móveis façam quase 73% do total das vendas de comércio eletrônico em todo mundo, segundo levantamento da Statista. Além disso, 30% dos compradores online tendem a abandonar seus carrinhos no meio das compras, se descobrirem que seu site não é compatível com dispositivos móveis.
Esse já é um indicador importante para os e-commerces, é preciso que se concentrem em oferecer a melhor experiência para o cliente nesse ambiente, fazendo com que os sites sejam responsivos. O aumento da confiança dos consumidores nas compras online é proporcional ao aumento das transações realizadas em smartphones.
- Práticas de sustentabilidade irão influenciar as vendas – O ‘consumo verde’ está crescendo rapidamente e a tendência é que clientes procurem produtos que tenham a preocupação com o meio ambiente em seus processos produtivos ou que envolvam reciclagem, por exemplo. Uma publicação da Harvard Business Review revelou que 65% dos consumidores nos EUA apontam que querem comprar produtos de marcas que tenham fins específicos para a defesa da sustentabilidade.
O foco no ‘consumismo verde’ é um indicador claro de que as empresas de comércio eletrônico que priorizam práticas ecológicas irão dominar o mercado global nos próximos anos. As principais marcas já começaram a planejar a implementação de práticas mais sustentáveis em seus negócios. Um exemplo disso é o da Amazon , líder mundial de comércio eletrônico, que se comprometeu a zerar suas emissões de carbono até 2040.
- Visual Commerce (comércio visual) irá crescer exponencialmente – O Visual Commerce é o uso de imagens não apenas nas páginas dos produtos, mas também em toda a loja para atrair os usuários e aumentar a taxa de conversão. Essa tendência será impulsionada principalmente pelo consumidor, que estará mais exigente quanto à experiência de compra (CX).
Grandes varejistas já estão usando essa estratégia para influenciar clientes a comprar.
Eles trabalham com imagens de alta resolução na home dos seus sites, juntamente com atalhos para comprar o produto diretamente. Uma boa solução para investir no Visual Commerce é apostar em uma ferramenta de busca visual, que permitirá que os clientes procurem produtos por meio das imagens. Nesse ponto, o desenvolvimento do UX ganhará holofote especial, por ser o responsável pela experiência do usuário em plataformas, aplicativos, sites e softwares.
As empresas de e-commerce que quiserem dominar o mercado devem se preparar para adotar as últimas tendências o mais rápido possível. Em 2021, o comércio de voz, compras omnichannel, IA e RA devem ser as predominantes. Mais e mais empresas começarão a aceitar pagamentos criptográficos para atrair mais clientes a escolher sua marca. A precificação dinâmica também continuará sendo uma forma eficaz de atrair compradores.
(*) – É CCO da Webjump (www.webjump.com.br).